sábado, 31 de dezembro de 2011

I'm free



Todos nós queremos desejar-vos, caros leitores, uma fantástica passagem de ano, que o fogo de artificio vos aliemente a alma, os amigos vos alentem a vida e nunca, nunca deixem que o fantasma da austeridade vos estragues os planos ou o momentos felizes.

Um grande Bem-Haja

El Patronito o Ardina

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ERA 8

Não creio ser má pessoa, na generalidade dizem-me ser um bom rapaz, outros, que tenho um grande coração e até há quem diga que tenho um coração de ouro. Mas eu contínuo a almejar a felicidade e nada me acontece ele, o todo-poderoso, não me ouve. Ah quem, diga que ele escreve direito por linhas tortas mas eu desconfio. A esperança esvanece se de ano para ano e se não fossem certas trivialidades a que dou valor, talvez já tivesse desistido. Por vezes estou tão cansado, tão desesperado, que as lágrimas me caem aos olhos e dou por mim a murmurar sozinho repetidamente “tu não existes”, “tu não existes”, “tu não existes tu não existes”. A cara encharcada de lágrimas de angústia de uma vida de sonho que não se concretizou e que cada vez está mais longe de ser algo risonho. Como pode um ser supremo brincar com a vida das pessoas como se fossem marionetas.
Peço bem-aventurança para os meus chegados, se ele não me dá nada talvez dê aos outros, e a felicidade dos outros traz-me sempre alguma felicidade. Mas mesmo assim nada acontece. Por isso digo sempre que o homem é que tem o poder de mudar o mundo acreditando ou não num ser supremo. Enfim talvez esse Deus não me compreenda, talvez não falemos a mesma língua. Era bom agora que ele aponta-se o dedo e num ato repreensivo para que não ousasse mais desconfiar da sua existência e pronunciasse repreensivamente: “ Hey Kid! It’s your lucky day, you’re gonna catch something big, man.
Olhei para a cana e vibrava mais uma vez freneticamente, estava lá algo agarrado agarrei na cana e recolhi a linha dando ao carreto, continuei a recolher pensativamente, talvez ele me tenha dado ouvidos. Mas a sorte desiludiu-me novamente porque apesar de lá estar um chicharro agarrado não pesava mais que um quilo e meio, nem sentira o puxão que não era forte o suficiente para constituir algo grande. Pus o chicharro de parte, com este peixe já eram dois naquela noite de pescaria em que já se contavam 3:20 da manha.

ERA 7

De quando a quando ia tomando atenção á cana. Por vezes, olhar para a cana com o era como olhar para o céu. O “starlight” assemelhava-se a uma estrela no horizonte, talvez se pedisse um desejo se realizasse. Geralmente peço “felicidade”, peço a Deus ou a um qualquer deus supremo que vagueie pelo céu que nos possa conceder algum desejo. Porto-me bem o ano inteiro, peço os desejos no natal, peço também no ano novo, no aniversário e nada. Para vos dar um exemplo: uma outra ocasião não tinha dinheiro e consegui vender um robalito de algum peso, valeu-me uma nota cujo objetivo seria para me aguentar o resto do mês até receber o vencimento, mas um pobrezito vasculhava os caixotes do lixo por comida, a sua fome sem vergonha fazia-o humilhar-se naquelas caixas castanhas. Ao vê-lo magro tive complacência e dei-lhe a nota. Que porra, pensei eu. Também é só dinheiro, nem estou muito precisado e faltam só três dias para o dia de São Receber, não era uma coisa que me valesse muito desde que tivesse algum para as coisinhas. Afastando a quantidade, muito ou pouco, se não tivermos ninguém para partilhar de que interessa ter dinheiro.
Pensei que essa atitude ficasse bem aos olhos do Salvador mas de pouco me valeu. Pois como disse: não o dei para ficar bem visto aos olhos de ninguém, mas podia significar algo e nem a mim, apesar de me deixar a consciência tranquila de que aquele moço sobreviveria mais uns dias, não me trouxe felicidade. Oh mal fadado destino: talvez se me tivesses dado ignorância, fosse agora um homem casado e com filhos; uma casinha e um trabalho, e talvez fosse feliz embora estupidamente estúpido. O pai dizia que eu era inteligente mas sempre lhe respondi que era uma maldição dir-lhe-ia agora isso se ele cá estivesse. Lembrei-me da cana, observei-a e ela ainda vibrava. Enquanto estiver a vibrar é bom sinal, quer dizer que ainda há lá isca no anzol e eles andam a cheirar e a picar a minhoca tentando a sorte. É esperar, deduzi eu.

domingo, 18 de dezembro de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

ERA 6




A cana continuava a vibrar, suspeitava que cada minuto que passasse, os peixes lhe roubavam um pedaço da isca, só me era permitido esperar que algum ficasse garrado até trocar novamente a isca.
Já tinha passado uma hora e cerca de 40 minutos desde que tinha lançado a primeira isca. Enquanto a minha mente deambulava, a cana vibrava cada vez mais, era bom sinal, era sinal de que eles estavam a gostar da comida, o que me faz lembrar uma história interessante. É curioso o facto de inúmeros pescadores, sejam eles amadores, semiprofissionais ou profissionais de elite e de grande gabarito, terem técnicas de pesca e rituais completamente distintos, seguindo claro, um padrão: práticas que vão desde o suporte ideal e da cana até ao estralho onde se encontra a isca, verdade! Nem mesmo a isca se escapa a estas experiências. É submetida ao processo "Tentativa-e-Erro", inúmeras vezes, há que escolher a isca mediante aquilo que se pensa pescar, há que escolher consoante a zona onde se vai pescar, há que saber o tamanho do peixe que se pensa pescar, é tudo feito em função do que se pretende apanhar. Há outros rituais de sorte e bem-aventurança que vão desde a colocação do suporte, o boné da sorte, o lançamento pela direita, o colete de pescador, o sininho na ponta da cana e muitos mais, tantas que podia continuar a mencioná-las o resto da noite. São infinitas práticas as que já assisti eu próprio também tenho, a minha mania diz que não é a cana nem a linha, embora façam diferença, mas sim o isco já tentei de tudo e hoje vou tentar mais uma isca nova. Mas continuo a achar que não temos muito controle sobre o apanhamos, uns dias apanha-se 7 ou 10 e outros dias não se apanha pevas. Lá mais para a frente iria experimentar uma isca nova, nada mais nada menos que uma tirinha de fígado de porco, correntemente denominada de isca. Tem a sua graça, talvez este trocadilho venha a fazer a diferença.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

The Beatles - All Together Now

The fisrt one. The original. The one an' only.



El Patronito o Ardina

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ERA 5

Já tinha apanhado o primeiro, suspeitava que ainda lá havia de bater o segundo, e o terceiro. Em todo o caso já me encontrava satisfeito em ter-me gladiado com um peixe de 3,5 quilos e ter vencido, nada de mais sinceramente. Vendo que o casulo era o prato do dia para o peixe pus-lhe mais um e lancei o peso, desta vez não caiu muito longe, mas como o lançamento não foi mau nem me dei ao trabalho de retirar. Apenas esperei. Na espera é normal cair nas minhas reflexões: isto e aquilo, aquilo e isto; podia ser bom ou mau ou podia nem sequer poder “whatever”, mas essas reflexões é que me entretinham. Já o meu pai dizia que um homem tem que falar nem que seja com ele mesmo, oh sim! O meu pai dizia coisas muito sabias dizia sim.
Costumo vir com pessoas que trazem duas canas, que é o máximo permitido por licença e em cada linha-mãe, também permito por licença, usam três estrálhos, - o conjunto que combina a linha que suporta o destorcedor e o anzol empatado - se bem que já vi pessoas a pescarem com cinco estrálhos, seis, e mais ainda se a linha-mae assim o permitisse. Ora se fizermos as contas às duas canas cada uma com três estrálho, são 6 para 1ª probabilidade de apanhar algo e vi muitos pescadores artilhados saírem da praia com “niente” por isso é sempre considerei a pesca um jogo de paciência ora pica ora vai, ora vai ora pica, ora solta, ora pica, ora prende, ora pica e por azar no último segundo solta, ora pica e a linha quebra, ora pica e “catchin” apanhamos algo. Sim! sem duvida, um jogo de paciência. Em duas horas e alguns minutos apanhei um peixe que até dá uma boa refeição, éra só meter no forno com batata miúda á murro, cebola, alho, e regar com azeite.
Tenho dias que cá vir e estar cinco, seis mesmo até sete horas na esperança de apanhar algo e nada, troco o isco, eles comem-no todo, volto a lançar e comem-no novamente, esta rotina durante 7 horas sem apanhar nada. Sim é um jogo de paciência, acredito profundamente que quando tiver que picar ele pica mesmo, e prende. Claro, é preciso reunir as condições necessárias - ora não se pode pescar onde não há mar. É um pouco como galar uma mulher, há que ter as condições reunidas mas quando tivermos que nos apaixonar isso acontece e nem sequer esperamos, estejamos num harém ou numa modesta taberna, simplesmente acontece. Pois é, o amor ocorre nas situações mais inoportunas.
A cana continuava a vibrar, suspeitava que a cada minuto que passava os peixes lhe roubavam um pedaço, só me era permitido esperar que algum ficasse agarrado até trocar novamente a isca.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ERA 4

Sempre achei que o casulo é uma ótima isca. Não é cara é até bastante acessível, encontra-se á venda em qualquer lado, tem a vantagem de brilhar á noite e de ser fácil de iscar, não necessita de grandes manobras. It’s simple e não nos morde como o ganso coreano que é preciso um manual para por aquela bicha no anzol. Dei por ela agora, que pensei em inglês. Tenho a mania de pronunciar frases em inglês, sei lá, deve ser mais fácil… elas simplesmente aparecem… no meio das minhas filosofias e as vezes penso-as ou pronuncio-as sem sequer me dar conta. Mas que importa ninguém está a ouvir-me por isso não posso passar por louco só se é visto como louco quando alguém grita para outros humanos “este tipo é louco”
Não tinham passado nem 3 minutos completos e já a cana andava agitada, mas ainda não tinha agarrado nada, notava-se que eram apenas esticões, como se o peixe andasse a cheirar e a provar a isca para ver se seria de confiança, tal como fazem os cães. Ah os cães….não haja dúvida são o melhor amigo do homem, se tivesse trazido a Cagufa talvez não caísse nestes longos monólogos. É a melhor companhia, é daquelas companhias que fica logo atrás do mar. É um bom ouvinte, não protesta por te ouvir, não se cansa nem se queixa dizendo que esta farto de ali estar, e tudo isto a troco de algumas carícias que alegremente nos retribui. O senão é apenas o facto de não pararem quietos. Ahhhhh mas cum catano não havia ela de gostar de estar aqui, filha de pescadores como ela é, ali da Lourinhã. Lembrei-me entretanto de inúmeras pessoas que haveriam de gostar de ali estar. Enamorei-me, há tempos, por uma moça que era louca por praia, quantas vezes caminhava-mos e falávamos a apanhar conchas, foram tempos muitos bom mas não sei o que se passou nem nunca saberei de um momento para o outro tudo mudou, já nem me lembro por que motivo tudo acabou nem me quero lembrar e mesmo que lembra-se, tudo isso agora parecer-me-ia trivial e ainda me riria disso. Como podem acabar certas relações por causa de mesquinhices.
Via a cana a vergar bastante e receava ridiculamente que o fio se partisse o que me fez lembrar aquela malta que quando compra linha faz a contas toda como se pescar fosse algo matemático, se precisam de linhas de 40 libras estão a espera de apanhar algo com 18.5 ou mais, subtraem-lhe o peso da resistência da linha na cana bem como a resistência da mesma no lançamento subtraindo os metros somam a resistência da Linha em peso com o peso do peixe mais a tração que ele exerce sobre a linha. Ou seja se apanharem um peixe de 15 klg vão fazer uma força que convertida em peso se vai confirmar em 25 klg já com tudo incluído. Eu não me interessava nada por isso, nunca me interessei, fazia as médias por alto e lançava o peso, o que vier á rede seria peixe. E não é que veio mesmo, a cana vergava e agitava-se desenfreadamente, teria eu apanhado algo? Era o mais provável, puxei e senti alguma tração mas não foi oi muita calculei que tivesse apanhado algum peixe de cerca de 2 quilos. Puxei tudo até ver o peixe a chapinhar na água, e quando o agarrei, era uma solha, se frito até dava para uma refeição aconchegante. Tirei o anzol intermédio da sua boca e pus o peixe de lado que ainda lutava até se esvaírem as suas forças, toda a sua vida.

sábado, 29 de outubro de 2011

ERA 3

A cana vergou mais uma vez e depois parou. Parecia ser a altura exata para repor o isco, aquele último esticão violento deve ter sido algum malandro que comeu a última parcela do bacalhau seco e no entanto não ficou preso ao anzol. Quando ficam presos ao anzol é como se ficassem escravizados, tentam-se esquivar para muitas direções mas só há uma para onde irá que é para terra. Este pensamento faz-me lembrar uma expressão que o meu pai costumava dizer que era: “todos nós somos escravos da sociedade, mesmo quando livre de pensamento mesmo livres de mesmo até quando remamos contra a maré, acabamos sempre por sempre por ser escravos da sociedade, deixamos de o ser na morte. Quando se morre ai sim! Somos livres.” È bem verdade, o pai – que deus o tenha – proferia frases muito sábias. Ainda me lembro quando ele me levou pela primeira vez á pesca. Era eu catraio na minha meninice. Ele comprou-me uma cana de 2 metros, foi a primeira que tive. Montou-me a cana toda com todos os apetrechos essenciais á pesca enquanto me explicava como o fazer. Montou o chumbo, o estralho, o destorcedor e empatou o anzol. Depois deu-me a cana já preparada e explicou como a lançar. Disse: “Trancas a linha com o dedo, abres o cesto na totalidade e lanças, quando sentires a tensão na linha solta o dedo e sente a chumbada cair na agua. Fiz exatamente como explicou o pai. Dei-lhe a potência máxima, nem vi sequer a chumbada a cair na água. Estava contente, parecia ter feito um bom lançamento, o meu primeiro. O pai ria-se como um perdido, ele e os amigos, pois não é que a chumbada foi cair na areia, na zona da rebentação. A partir dai fiquei conhecido como o “chumbada n'areia”, ahhhhhhh… quantas memórias me desperta este desporto, quantas lembranças me recorda o mar.
Na altura não lançava como lanço hoje, a chumbada ficava sempre a 3 metros de mim e o pai disse: “ quando pescares o teu primeiro peixe compro-te uma cana maior. E assim foi, o primeiro peixe que apanhei foi um “sarguito” que não devia ter mais do que dois...três quilos. Que saudades tenho do pai. Perdi-me no monologo que me esqueci de repor a isca, iria agora usar a minhoca. Saquei de um “casulo” de um pequeno conjunto que lá tinha. O "casulo" é uma minhoca que se encontra dentro de um casulo. É uma isca muito utilizada para pescar á noite, brilha dentro de água e chama a atenção dos peixes. Esta isca serve para pescar diversas espécies Devido á sua consistência e tamanho também se mantém muito tempo no anzol resistindo á agitação marítima. Saquei a minhoca do casulo e pulo no anzol. Desde que cá cheguei, já se tinham passado 40 minutos desde o primeiro lançamento se tiramos 30 minutos de monólogos ou filosofias, contabilizam-se 10 minutos de pura pescaria mas na verdade que é este tipo de pesca senão para exorcizar os nossos fantasmas, opiniões, desejos e tudo mais. Como disse: o mar leva tudo e não se cansa das tuas lamúrias. Pus a minhoca no anzol e lancei a chumbada, desta vez para cerca de 27 metros e esperei, até cair no meu próximo monólogo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ERA 2

Enquanto esperava, receei que as chumbadas que acabara de adquirir me estragassem alguma oportunidade. Era a primeira vez que usava chumbadas ecologias, apenas se denomina chumbadas pelo uso recorrente do elemento químico, metal tóxico que é, nada mais, nada menos e sem grandes surpresas, que o chumbo no fabrico de pesos ou lastro para imobilizar o anzol no fundo do mar. Estima-se terem sido até aos dias de hoje depositadas 500 toneladas de chumbadas metal nocivo á vida marinha no fundo dos rios e lagos, apenas por causa da pesca. Como todo metal pesado, o chumbo degrada-se muito lentamente no meio ambiente, persistindo durante décadas no solo e no fundo de rios, lagos e represas. Não é metabolizado pelos animais e sofre o processo de bioacumulação, afetando mais os animais do topo da cadeia alimentar, entre os quais está o homem. Por seu lado o fabrico das chumbadas ecológicas emprega materiais como argila, areia e pó de pedra, os quais são biocompatíveis com o fundo dos rios e lagos, em substituição às tradicionais de chumbo, que contaminam a água e os peixes. O peso cerâmico - ou ‘chumbada’ cerâmica – deteriora- se depois de um ano e meio mergulhada na água. Os resíduos se reintegram ao solo por completo.
Só agora me apercebi que estou a falar sozinho pareço um louco, vê-se muitos loucos a falarem sozinhos. Mas será que se é louco se estivermos a pensar alto. Pois para mim estou simplesmente a pensar alto. A pesca para mim nunca foi mais do que um momento de introspeção em que pensamos o que quisermos, o mar é a nossa companhia é a nossa maior amiga há de sempre receber-nos de braços abertos e as suas subordinadas ondas levam os nosso desabafos para longe, levam os nosso pensamentos para outra margem, podemos contar segredos e expressar desejos pois o mar nunca nos vai trair a confiança protege-nos dos nossos medos é como uma mãe que acolhe o filho e embrulha-o nas suas mantas pois há de lá estar sempre para nos ouvir, para nos acolher e nos proteger de tudo. É aquele ser que nos atira pingas de água quando estamos tristes, distraídos, é como se nos pergunta-se: “hey estás bem?“ e diz-nos se sentimos a água a cair na cara é porque está vivo. A vida é um navio e tens que ser o capitão do teu navio, tens que ser o capitão da tua vida. Interrompi-me do exercício do monólogo porque a cana vergou ligeiramente e voltou a ficar hirta olhei atentamente para o “star” que é um pirilampo que se põe na ponta da cana para a prática da pesca á noite. Ela vergou mais um pouco e mais um pouco voltando sempre a ficar hirta novamente mas não estava agitada. Eu sei, era o peixe que lá andava a cheirar a isca, parece ter funcionado ao menos dava para perceber que aquela zona estava agitada. Esperei atentamente que ela vergasse mais vezes, analisaria assim a possibilidade de apanhar algo naquela zona, sabia que iria cair em monólogo novamente, como um louco. Cómico, o poeta quando abre o seu coração e escreve o poema no papel não estará também ele a falar sozinho, a pensar alto será mais o termo, ou estará a falar com o papel a expressar os seus desejos sonhos medos e segredos tal como eu faço com o mar. Um poema não é mais do que a manifestação de um sentimento por palavras e um bom poeta é aquele que consegue fazer com que os outros partilhem o estado de espírito. A cana vergou mais umas vezes assim que ela ficasse estática mais de um minuto tinha que trocar de isco, se os peixes o tivessem comido todo era um sinal de bem-aventurança.

sábado, 22 de outubro de 2011

Era

Eram cerca das oito da noite quando sai de casa, já se fazia sentir uma ligeira aragem, mas eu sabia que a brisa que se entranhava nos ossos, fazia doer os músculos e criava pingos no nariz era aquela que soprava na praia.
Entrei na carrinha de caixa aberta e dei á chave, mas não pegou "outra vez" pensei eu, quando isto acontece tenho que esperar em média 10 minutos, mas àquela hora da noite 10 minutos passavam-se rápido. Resolvi pegar no jornal desportivo que comprei de manha, ainda nem sequer o tinha folheado, e ver os resultados da bola, queria ver como se aguentava o glorioso com o novo guarda-redes e o novo reforço no ataque. Acabei apenas por ver os títulos com letras garrafais pois quando dei por mim estava a bater os dez minutos certos. Dei á chave novamente e desta vez o motor pegou, talvez alguma tosse o impedira de andar da primeira vez.
Demorou cerca 30 minutos a viagem porque não havia muito transito, demoraria mais de 45 se alguma manobra de algum condutor inexperiente provocasse um engarrafamento. Foi curioso ver que no decurso da viagem muito carros que me ultrapassaram munidos de canas, suportes e inúmeros utensílios á pratica da pesca incluindo roupa extra na bagageira, iriam tentar a mesma sorte que eu neste mesmo passatempo ou vicio se assim se poderá chamar. Cheguei á outra margem onde as praias são mais sossegadas mas dirigi-me especificamente a uma, a pequena praia da cova do vapor. Embora frequentemente fosse acompanhado, hoje ninguém se juntou, avizinhava-se uma certa chuva fraca mas seguida de uma aberta e sol, talvez por isso todos se tivessem afastado da circunstância, mas que importa, quem sabe se não apanharia alguma coisa que valesse a pena. Fazia 2 anos que não apanhava algo significativo, apanhava geralmente aqueles sargos ou robalitos pequenos que não serviam mais do que para salgar e comer como petisco ou para usar como isca também Hoje levei uns camarões em sal, camarões de tamanho intermédio, descasquei-os em casa e pu-los em sal para enrijecer a carne para o peixe que o morder não o debicar tão facilmente, há quem diga que o sucesso está na isca utilizada outros são da opinião que é a maneira como se põe a isca que é crucial á boa apanha.
Cheguei ao local e estacionei a carrinha no descampado que ficava a poucos metros da praia e depois de tirar o material, carreguei-o até á beira-mar. A maré parecia estar a vazar, manter-se-ia assim durante umas 2 horas e voltaria a encher. Comecei por fixar o suporte da cana na areia perto da rebentação, era um suporte barato sem grandes mariquices de ligas metálicas fortes e resistentes a corrosão... nada disso. A linha multifilamento suportava 80 libras de peso e tinha um diâmetro de 0.48mm, quando uma linha monofilamento de diâmetro 0.57 mm suporta cerca de 40 a 50 libras de peso traduzidos em quilos ronda os 18.5 kg podendo chegar aos 20 kg. Bem sei que a resistência é maior ao lance mas é mais fiável na captura, quantos nylon’s se partiram no momento célebre da captura de algum espécime mais bravo. A memória da linha era muito baixa o que aumentava a qualidade da mesma, havia ainda as linhas de maior diâmetro o máximo creio eu ser de 200 libras para multifilamento mas eu não ia também capturar nenhum tubarão branco, as multifilamento, embora mais caras, eram mais fiáveis, com essas linha inquebráveis das duas uma: ou o peixe é apanhado ou a cana fratura, nenhum peixe se escaparia daquela linha, a não ser que a cana se partisse, o que era improvável, ou que o pescador fosse arrastado para o mar. Ehehehe… já viram algum pescador ser pescado por um peixe grande? Com efeito perdia elasticidade, mas não me ralava pois quanto mais longe lançasse a chumbada mais hipóteses tinha de apanhar algo digno. Se apanhasse um peixe grande não corria mesmo o risco da linha se partir.
Instalei o carreto ou molinete, como chamam em outras regiões, na cana. O carreto suportava 250 metros de linha se bem que ao arremessar não o atirava mais longe do que 25 metros. A cana telescópica era de fibra de carbono e era bastante flexível o que já me dava margem para usar um nylon de diâmetro maior. Enquanto montava tudo ia pensando no tempo decorrido em que não apanhara um peixe digno de ser pescado, já começava a ficar mal perante os meus amigos e colegas de pesca.
Já tinha tudo preparado á beira-mar, faltava apenas o isco. Abri a maleta em que trazia inúmeros tipos de isco: tinha um saco com gelo em que tinha disposto um choco que podia cortar em filetes, e podia utilizar o mesmo método com a sardinha e a lula que acompanhavam o choco, mas optei apenas por um com que já andava a sonhar: o camarão. Os camarões vinham descascados e sob uma camada de sal grosso, dentro de num boião onde também lá havia algumas tiras de bacalhau-graudo ainda seco. Experimentei primeiro um pequeno filete de bacalhau, deixei apenas um nano milímetro da ponta do anzol á mostra, não fosse essa a técnica ganhadora, e lancei a chumbada ecológica o mais longe que podia. A chumbada pelo toque deve ter percorrido cerca de 20 metros ao senti-la cair na água, esperei que alguma coisa picasse.

sábado, 8 de outubro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

AS VINTE REGRAS DE S. S. VAN DINE PARA SE ESCREVER UM BOM ROMANCE POLICIAL:

1. O leitor deve ter oportunidade igual à do detetive de solucionar o mistério. Todas as pistas devem ser claramente enunciadas.

2. Nenhum truque ou tapeação proposital deve ser utilizado pelo autor, senão os que tenham sido legitimamente empregados pelo criminoso contra o próprio detetive.

3. Não deve haver interesse amoroso no entrecho. A questão a ser deslindada é a de levar o criminoso ao tribunal e não a de levar um casal ao altar.

4. Jamais o detetive ou algum investigador deve ser o culpado. Isso seria tapeação: naturalmente porque o raciocínio do leitor está voltado para o rol de suspeitos.

5. O culpado deve ser identificado mediante deduções lógicas e não por acidente, coincidência ou confissão forçada. O contrário disso seria mostrar ao leitor que todo o seu trabalho de dedução foi inútil pois o tempo todo o autor tinha o nome do criminoso.

6. A novela de detetive tem de ter um detetive. Alguém que “detecte”. Que analise as pistas e junte-as a fim de identificar o autor da sujeira relatada no primeiro capítulo.

7. É necessário que haja um cadáver. Quanto mais morto, melhor. Os crimes menores que homicídio são insuficientes. Só o assassinato desperta no leitor seu sentimento de vingança e horror.

8. O problema do crime deve ser solucionado por meios rigorosamente naturais. Métodos como leitura da mente, reuniões espíritas, bolas de cristal estão excluídos. O leitor deve ter oportunidade igual à do detetive para solucionar o mistério; se ele tiver que competir com espíritos, bolas de cristal, etc, fica em desvantagem.

9. Cada história deve ter unicamente um detetive. Uma história com muitos detetives bagunça o raciocínio lógico da narrativa, além de deixar o leitor, que é único, em desvantagem. Na novela policial, o leitor se identifica com o detetive; havendo mais de um detetive, ele não sabe a quem dirigir sua atenção.

10. O culpado deve ser alguém que desempenhou papel mais ou menos destacado no entrecho. Alguém com quem o leitor se familiarizou. Se o autor apresenta um desconhecido como criminoso, estará admitindo sua derrota diante do leitor.

11. Criados – mordomos, valetes, guardas florestais, cozinheiros – não devem ser escolhidos pelo autor como culpados. Isso constitui uma solução fácil demais. O leitor ficará frustrado, achando que perdeu tempo tentando identificar um personagem tão desimportante. Se o crime foi obra de um trabalhador braçal, o autor não deveria ter escrito um livro a respeito.

12. Deve haver apenas um culpado, por maior que seja o número de homicídios cometidos. Esse culpado poderá ter um auxiliar, mas é nele que recairá a cólera do leitor.

13. As sociedades secretas, máfias, camorras, etc, não devem ter lugar em histórias de detetives. O assassinato verdadeiramente lindo e fascinante estaria comprometido por essa culpabilidade por atacado. Além disso, se o assassino pertence a um grupo criminoso, ele conta com uma rede de proteção, o que tira o fascínio do suspense.

14. O método utilizado para o assassinato e o meio de descobri-lo devem ser lógicos e científicos. Quer dizer que os meios pseudocientíficos e os dispositivos puramente imaginativos ou especulativos não serão tolerados no roman policier. O autor deve se limitar aos venenos e drogas conhecidos da população. Se inventar coisas mirabolantes sairá da área do romance policial e entrará no romance de aventura.

15. A verdade do problema deve estar bem à vista em todos os momentos da narrativa. O leitor tem que ser arguto para perceber. Quando o leitor chegando à última página recomeça a leitura deve pensar: Puxa, por que eu não percebi isso? O leitor tem que se convencer que não é tão arguto quanto o detetive. Uma novela de mistério nunca será de mistério para todos os leitores pois alguns deles descobrirão o assassino antes do detetive.

16. Uma novela de detetives não deve conter compridas passagens descritivas, nenhum rebuscamento literário em questões secundárias, nenhuma análise sutilmente elaborada dos personagens, nenhuma preocupação “atmosférica”. Tais procedimentos retardam a ação e carreiam para a história elementos que não têm nada a ver com ela. Leitores de novelas policiais não buscam enfeites literários, estilo, belas descrições, mas o estímulo mental e a atividade intelectual.

17. Jamais se deve atribuir a um criminoso profissional a culpabilidade do crime em uma história de detetives. Os crimes cometidos por arrombadores e bandidos estão na esfera da polícia – e não na esfera de autores e detetives amadores (leitores). O crime verdadeiramente fascinante é o cometido por uma coluna-mestra da igreja ou alguma solteirona conhecida por seus atos de caridade.

18. O crime na história policial jamais deve ocorrer por acidente ou suicídio. Encerrar a história com esse anticlímax corresponde a um truque contra o leitor.

19. O móvel do crime na novela policial deve ser de ordem pessoal. Ciúme, cobiça, amor, ódio, vingança, medo, tara, etc. Sair desses motivos equivaleria a retirar do leitor um elemento de dedução. Tramas internacionais pertencem a outro gênero – o gênero da espionagem. O crime deve refletir a vivência cotidiana do leitor, proporcionar-lhe certo escapamento para seus próprios desejos e emoções reprimidas.

20. O autor “policial” não deve usar os meios dedutíveis ou provas já usados em demasia por outros autores, pois eles já são conhecidos dos leitores de romances policiais. Quando o escritor usa esses meios está confessando sua falta de talento e originalidade.

Anotado e adaptado por Joaquim Nogueira, do livro O MUNDO EMOCIONANTE DO ROMANCE POLICIAL de Paulo de Medeiros e Albuquerque.

S. S. Van Dine, pseudónimo de Willard Huntington Wright, é o escritor norte-americano que criou o detetive Philo Vance.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Inesperadamente no quarto

Ela entrou em casa batendo furiosamente a porta da entrada, dirigia-se em passo rápido para o quarto como se nenhuma alma a conseguisse travar. No seu interior crescia fúria, fúria misturada com ânsia, desejo, saudade e muitos mais sentimentos que compõem a paixão. Os seus olhos azuis ardiam de sensualidade, flamejavam como duas chamas saídas de maçaricos.
Ao longo do extenso corredor que dava para o quarto, ia tirando as peças de roupa, uma a uma. O curto casaco de cabedal foi o primeiro a ficar junto a porta, depois seguiu-se o cinto de couro que atirou para a mesa do corredor juntamente com as chaves de casa, soltou então o elástico que lhe prendia o negro cabelo liso balançando-o suavemente para o soltar na totalidade e com um movimento brusco da cabeça atirou-o para trás das costas. Começou a tirar as botas violentamente com o auxílio dos pés ficando ambas separadas por um metro, agora os seus pés nus caminhavam na carpete percorrendo suavemente e sem qualquer barulho a distância que remanescia até ao quarto. Quando começou a desapertar os primeiros botões das calças estava já a meio do corredor, e cada passo que dava desencadeava o deslizamento gradual das mesmas, expondo a sua roupa íntima que era de um vermelho mais tinto que o vinho.
Ao chegar á porta do quarto, abriu-a com força, onde ele se encontrava, á janela a fumar um cigarro, com o seu casaco de veludo negro e o chapéu de capitão que nem sequer tinha ainda tirado.
Dirigiu-se a ele como uma fera sobrenatural, nada a parava, algo a consumia ardentemente como uma chama consome a madeira e o oxigénio em absoluta combustão. Sim era isso, podia-se dizer que ela estava em plena combustão, estava brava, esperara aquele momento vezes sem conta, contara na memória infinitas vezes, fizera contas com os dedos, fizera cálculos nas horas de trabalho, em casa, no banho, imaginara mais de mil vezes o filme, o episódio, a situação. Já não o via há duas semanas, com a agravante que tinham discutido antes de ele embarcar. Era a hora de por tudo em pratos limpos.
O acontecimento deu-se todo numa fracção de segundo: Sem lhe dar tempo de pensar ela arrancou-lhe o cigarro da mão, deu um bafo e atirou-o pela janela. Espantado, ele não teve tempo de dizer qualquer palavra nem de fazer qualquer expressão, nem sequer teve possibilidade de executar qualquer gesto. No entanto todo o filme que ela fizera, todo o arranjo, todos os cálculos, a preparação; tudo se esvanecera por completo da sua mente, mas ela determinada não ia abdicar daquilo que tinha para dizer. Os seus olhos cruzavam-se com os deles e que fez ela então. Beijou-o, beijou-o tão fortemente que não acredito que haja beijo mais grandioso e digno de ser trovado como aquele. Beijou-o dizia eu, com tanta paixão que era agora impossível reproduzir tal beijo novamente. Beijou-o e começou a tirar-lhe a roupa a qual acção ele não se opôs, acompanhou-a tirando-lhe a roupa que restava no corpo. Ela beijou-o apaixonadamente enquanto as mãos de ambos percorriam os corpos já nus, prontos a fundirem-se num só. Faltara apenas ela dizer aquilo que a melindrava, que guardara desde a ultima discussão que tiveram. Cruzou o olhar com o dele e passou-lhe a mão pela face, enquanto ele mordiscava-lhe o pescoço ela disse-lhe ao ouvido: “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer …. “ Não conseguiu no entanto acabar aquilo que tanto esperará para lhe dizer, ela soluçava, as pernas desfaleciam, tremiam de desejo o seu coração originava batidas que parecia um bombardeiro em plena guerra, as mãos dele sentiam todos os centímetros do corpo dela, sentiam os seios, acariciavam-lhe as nádegas, acarinhavam-lhe o sexo, sentiam-lhe o prazer, afagavam lhe o cabelo e a cara, tudo, de forma tão perfeita como se fosse um escultor exímio a trabalhar na sua mais recente obra e cuja loucura lhe tenha ceifado a vida. Os corpos suados de ambos uniam-se por vontade da paixão e microscopicamente, átomos e electrões chocavam naquele quarto e o tornava cada vez mais abafado o que contudo não os impediu de continuarem, cada um deu ao outro aquilo que mais tinha de valor… durante horas a fio.

O poeta

Welcome back Poeta um grande Bem-Haja para ti

El Patronito o Ardina

terça-feira, 17 de maio de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

By me a red Ballon

A mãe propôs um pequeno-almoço no café mais próximo; um galão e um bolo para a mãe e um leite achocolatado e igualmente um bolo para a fila. No entanto Matilda avistou, ao lado da pastelaria, um balonista, um vendedor de balões com um boné de pescador. O vendedor estava sob a sombra de uma arvore mesmo ao lado da cafetaria onde as duas tomavam o pequeno-almoço. O mesmo estava acompanhado de uma bilha de hélio presa a um suporte com duas rodas que facilitava a deslocação e apesar de esguia tinha quase a sua altura. A bilha de hélio era pesada e assentava num suporte de transporte com duas rodas. Preso a bilha, estavam inúmeros balões já enchidos que flutuavam no ar. Eram balões de variadas formas e formatos; havia redondos e simples, havia coloridos e com formas de animais, havia grandes e pequenos, havia em forma de golfinhos, cangurus, pandas, panteras, ursos, macacos, pinguins, girafas, gorilas, leões javalis, suricatos, havia mesmo de tudo, mas as Matilda só lhe interessava um: o Azul


Continua

El Patronito o Ardina

domingo, 17 de abril de 2011

By me a red Ballon

Ao chegarem ao Jardim Zoologico, Matilda olhava maravilhada para o grande portão, ainda nem tinham entrado e já se ouvia os leões a rugirem e os elefantes a bramirem ouvia-se também a grande variedade de pássaros a chilrearem. O dia estava bonito e solarento convidando os animais a saíram dos seus abrigos e a interagirem com os visitantes Começaram as duas pelo recinto dos Cangurus. “Canguru é o nome genérico dado a um mamífero marsupial pertencente a quatro espécies do género Macropus da família Macropodidae. – lia a mãe a informação - As características incluem patas traseiras muito desenvolvidas e a presença de uma bolsa (o marsúpio) presente apenas nas fêmeas na qual o filhote completa seu desenvolvimento. O canguru é o animal-símbolo da Austrália.
Enquanto a mãe lia a informação afixada aproximou-se um canguru com a seu cria, Matilda hesitante e receosa tentou a custo fazer uma carícia mas não há nada que ter medo e após algum tempo lá conseguiu.
Vês filha! Como são amistosos. - disse a mãe. não tens que ter medo.


Continua


El Patronito o Ardina

quarta-feira, 13 de abril de 2011

By me a red Ballon

Era manha de um Sábado no Jardim Zoológico de Lisboa. Matilda e a mãe já lá estavam desde as 8h. Matilda dos seus 5 anos, ao contrario de todos os outros dias em que era um martírio para a mãe a levantar da cama para a escola, nem teve dificuldades em levanta-la, ainda tocava o despertador da mãe e já Matilda estava de pé e pronta para sair.
Não faltando ao prometido a mãe também depressa se arranjou para acompanhar a filha ao zoológico, sendo ainda cedo quando saíram de casa.

Continua

Lamentos e desculpa, é tudo o que tenho a pedir aos meu caríssimos e inexistentes leitores pois o tempo escasseia com vendas de jornais e os problemas com a chegada do FMI não me tem permitido escrever tanto como desejava, sei bem no entanto que a vossa pergunta é : “Que tenho eu a ver com isso.” Por tanto, os meus mais sinceros lamentos a vós. Contudo em época de crise o que se vende mais são jornais.

El Patronito o Ardina

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Escaraveelho das asas brancas.

Subitamente o móvel tocou. Era David, o comissário. Porra! Sabe Deus como aquele homem grita. Atendi com uma voz ligeiramente embriagada.
- Sim? – perguntei eu.
- Eddy, podes aparecer aqui no Sheraton.
- Sim…creio que sim.
- Podes ou não? Já tas bêbado? Por onde andaste seu drogado.
- Hum!...hum!
- Bem que se foda, vens na mesma. Daqui a quanto tempo podes estar no Sheraton.
- Talvez 30 minutos.
- Trampa! Está aqui dentro de 15 minutos. Ouviste
O telefone desligou-se e dentro de 20 minutos estava eu no Sheraton.
- Está atrasado cabeçudo. Seu bêbado da merda.
- Estava longe Comissário.
- Estavas o caralho. Vês isto? É o que tenho nas mãos. Um assassínio, foda-se, num hotel, num sábado foda-se - praguejou o comissário
- Não fui eu - gracejei
- Não me provoques merda.
- Tas chateado porque? matei alguém?
- Não foda-se é que tas sempre bezano pareces o marido da Erica.
- Erica?
- Sim, foda-se! Da Erica Bezana. Agora diz-me o que achas disto. Mulher morta em cima da cama, sem vestígios de arma de fogo ou de arma branca. Veneno talvez?
Comecei a analisar e supôs:
- Assalto sem dúvida, premeditado, eles sabiam exactamente o que vinham buscar. Duas pessoas porque se vêm duas pegadas diferentes. No entanto foi envenenada. Agora não sei se antes ou depois. Provavelmente antes.
- Como sabes isso?
- Porque a perna da falecida não está na posição exacta, foi movida 5 centímetros, parece-me que tropeçaram nela mas concluíram o objectivo.
O caso é teu – disse o comissário com o seu vozeirão
- Porque? Estou de folga. – reclamei.
- Não me interessa Eddy. És o melhor nestas merdas.
- Obrigado chefe.
- Também és um bêbado de primeira – adiantou gritando o comissário. – Amanha quero o relatório.
- Amanha?
- Sim foda-se as nove da manha. Vou me por na alheta tenho que fazer amor ca minha mulher. Foda-se raios parta as gajas.
- Oh diabo, que trabalheira.

Continua


El Patronito o Ardina

sábado, 22 de janeiro de 2011

One of this days

I will ask you to marry me

Ever since i was a child

Im dreamed about being a writer. I remember as a child tossed a coin into the most beatefull fontain of the city and wish. " I want to be a writer... A good one... The best."



Quando Keating estava ao pé da porta, Todd saltou da cadeira.
- Professor Keating! – Gritou, interrompendo a leitura de Cameron. – Eles obrigaram toda a gente a assinar!
Nolan levantou-se, zangado, e ordenou a Todd que se calasse imediatamente.
- É verdade – continuou o rapaz. – Tem de acreditar em mim!
- Eu acredito, Tood – disse Keating .
Nolan estava furioso:
- Saia imediatamente, Keating!
- Mas a culpa não foi dele! – Continuou Todd.
Nolan foi até à carteira de Todd e obrigou-o a sentar-se.
- Sente-se, Anderson! – gritou. – E não torne a abrir a boca! – E, voltando-se para o resto da classe: - O mesmo vale para todas: o próximo que abrir a boca é expulso! - Nolan voltou-se para Keating, que se tinha aproximado de Todd, como se o quisesse ajudar – Saia, Keating! Já!
Os rapazes Olharam para Keating, que os fitou com atenção uma última vez, como a querer fixar na memória o semblante de cada um dos seus alunos. Depois, voltou-se e dirigiu-se parar a porta
- Capitão! Meu Capitão! – chamou Todd em voz alta.
Keating.
- Sente-se imediatamente, Andersen! – gritou Nolan.
Quando o reitor se preparava para puxar Todd à força para o chão, Knox, do outro lado da sala, repetiu o nome do professor e subiu para cima da carteira. Nolan dirigiu-se para Knox. Meeks, fazendo apelo a toda a sua coragem, subiu também para cima da carteira. Pitts fez o mesmo. E, um a um, outros rapazes seguiram-lhes o exemplo e subiram para cima das mesas, em silencioso reconhecimento.
Nolan desistiu de tentar controlar os rapazes e ficou a olhar, estupefacto para a impressionante homenagem ao antigo professor de Inglês.
Keating, à porta da sala, dominado pela emoção, disse:
- Obrigado, rapazes… Eu… Muito obrigado.
Keating olhou para Todd e depois para cada um dos Poetas Mortoss. Com um breve aceno de cabeça, Keating saiu, deixando os alunos de pé nas mesas, homenageando-o em silêncio.

Tenho ouvido a tua escrita ou lido as tuas orações, qual dos dois não sei. Sei contudo que não gosto de te ver assim porque tenho perfeita consciencia de que és especial. Pouco sei do que te atormenta mas sei certamente que tudo se resolverá, como diz Gagriel a Yanka. O mundo está desarrumado, mas cabe a nós por as coisas no sitio. E se achas dificil uma aventura numa zona qualquer do globo imagina o inferno dum livro chamado uma aventura em portugal. Eu ainda felizmente ainda tenho algo que me alenta, embora não saiba o qué? Mas que tenho dias escuros tenho, escuros ao ponto de todos os teus sonhos se transfomarem em pesadelos escuros ao ponto de pensares que estás num beco sem saida. Mas um dia hei-de libertar-me, talvez não seja tão inteligente, talvez seja muito bonito talvez não tenho aquuilo que é preciso. Ah mas porra! tenho bom coração e na esperança me apoio de que o sol me irá sorrir.


El Patronito o Ardina