quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ERA 8

Não creio ser má pessoa, na generalidade dizem-me ser um bom rapaz, outros, que tenho um grande coração e até há quem diga que tenho um coração de ouro. Mas eu contínuo a almejar a felicidade e nada me acontece ele, o todo-poderoso, não me ouve. Ah quem, diga que ele escreve direito por linhas tortas mas eu desconfio. A esperança esvanece se de ano para ano e se não fossem certas trivialidades a que dou valor, talvez já tivesse desistido. Por vezes estou tão cansado, tão desesperado, que as lágrimas me caem aos olhos e dou por mim a murmurar sozinho repetidamente “tu não existes”, “tu não existes”, “tu não existes tu não existes”. A cara encharcada de lágrimas de angústia de uma vida de sonho que não se concretizou e que cada vez está mais longe de ser algo risonho. Como pode um ser supremo brincar com a vida das pessoas como se fossem marionetas.
Peço bem-aventurança para os meus chegados, se ele não me dá nada talvez dê aos outros, e a felicidade dos outros traz-me sempre alguma felicidade. Mas mesmo assim nada acontece. Por isso digo sempre que o homem é que tem o poder de mudar o mundo acreditando ou não num ser supremo. Enfim talvez esse Deus não me compreenda, talvez não falemos a mesma língua. Era bom agora que ele aponta-se o dedo e num ato repreensivo para que não ousasse mais desconfiar da sua existência e pronunciasse repreensivamente: “ Hey Kid! It’s your lucky day, you’re gonna catch something big, man.
Olhei para a cana e vibrava mais uma vez freneticamente, estava lá algo agarrado agarrei na cana e recolhi a linha dando ao carreto, continuei a recolher pensativamente, talvez ele me tenha dado ouvidos. Mas a sorte desiludiu-me novamente porque apesar de lá estar um chicharro agarrado não pesava mais que um quilo e meio, nem sentira o puxão que não era forte o suficiente para constituir algo grande. Pus o chicharro de parte, com este peixe já eram dois naquela noite de pescaria em que já se contavam 3:20 da manha.

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