quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ainda te lembras Poeta?

De como comecei a escrever?

Sim, lembro-me.


Estava desiludido com a vida, como geralmente todo o ser humano está nesta sociedade. Era um daqueles dias em que tudo corre mal, quando à noite peguei na caneta e comecei com “era uma vez” depois, simplesmente foi-se desenrolando a história. Apareciam palavras na minha cabeça; frases e parágrafos quase completos; a história quase toda feita e imaginada. Era bonita, era linda, era perfeita. Estava ávido de escrever mais e não conseguia parar. Só acalmava quando terminava, mas muitas vezes demorava horas; eram 3, 4, 5h até conseguir ficar em paz na consciência, isto quando não me falhava nenhum pormenor, quando não me havia esquecido de nada para escrever naquela mesma história. Talvez um copito de vinho fosse o único elemento que me acalmava um pouco. Acalmava-me quando a minha cabeça andava a mil RPM’s na minha avidez de escrita criativa, que não paravam um segundo sequer. As ideias nasciam como cogumelos no bosque. Era sempre muito bonito no início. Ter ideias, formular historia, lendas, contos e muito mais, contudo começavam a surgir mais e mais, ou seja em demasia e entretanto perdia o fio á miada, perdia a concentração, perdia tudo. Depois de ter saciado o cérebro com uma pinga, a criatividade apaziguava dando-me um pouco de paz e concentração, nessa altura já só tinha que segurar a caneta pois ela encarregava-se de tudo o resto; os pontos, as virgulas, as exclamações, interrogações, substantivos, pleonasmos e adjectivos dos mais bonitos que já escrevi. Quase que o fazia a dormir pois ela, a caneta, era como se percorresse um caminho, Agora eu era escravo dela própria. Eu não queria ser bom, eu não queria ser um ícone eu não queria ser genial. Eu queria ser magnífico, uma lenda, um fenómeno.

Uma lenda, um fenómeno. Isso sim é que eu queria ser, desta mesma arte que me apoderava. Tudo fazia sentido na minha cabeça, tudo se compunha diante dos meus olhos, mesmo á minha frente. Parecia que a pinga proporcionava diversos tipos de eureka. Se não dava desta maneira dava da outra, e da outra, e da outra, e da outra, e de milhentas outras. Chegava até a ser assustador, chegava a escrever em qualquer superfície que me fosse possível, qualquer tipo de papel servia. Quando acabava é que ficava descansado, dormia bem mesmo que fosse pouco, dormia, nem que estivesse atormentado, eu não queria ser mais um esquecido como 30 mil milhões no mundo inteiro, queria ser mais. Queria viver uma vida plena concentrada de experiencias e sensações deixar tudo para traz. Achava que merecia ser bem-sucedido. Achava que merecia ser feliz.

O Poeta


E serás. Sem dúvida que serás Poeta.


El Patronito o Ardina

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Saudade

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular, "saudade", só conhecida em galego-português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar".

trimm trimm
1- Tou.
2- Oi sou eu outra vez.
1- Então… Não podes andar a ligar a estas horas pra minha casa.
2- Espera...Não desligues, só preciso de conversar um bocadinho.
1- Então que se passa agora.
2- Tou triste sinto-me sozinho
1- É normal. Mas não estás sozinho, tens inúmeros amigos com quem conversar.
2- Amigos não tenho muitos. Tenho o meu cão que me faz companhia; o safadinho.
1- Isso é só uma fase. Vais ver que passa.
2- Deus queira, mas é difícil. Sinto-me perdido, já não sou o mesmo, as pessoas mesmo dizem isso
1- Não tás nada diferente, é só uma fase. Há de passar.
2- Enquanto passa já deixou marcas. Mas talvez seja mesmo isso mesmo que o flagelo faz ás pessoas grandes e dignas.
1- Tás a divagar, a sério não te preocupes, o sol amanha nasce para todos, aproveita a manhãzinha para ires passear á praia ou ao pontão ver o mar.
2-Sozinho, para variar, ou com o cão ou mesmo com uma garrafa de cerveja. Porque não.
1- Tas a ser muito dramático.
2- Tens razão. Vou tár mais um pouco acordado e depois vou dormir... sozinho. Desculpa ter-te acordado.
1- Não há problema. Combinamos um café amanha. Para não estares sozinho e então falamos um pouco.
2- Talvez sinta saudade, talvez seja isso acima de tudo.
1- Compreendo bem esse sentimento mas o mundo não pára de rodar e enquanto sentes saudade há gente feliz, e quando estiveres feliz há-de haver gente triste e infeliz e a sentir saudade isto são só fazes.
2- Ok. Vai lá dormir então, desculpa ter-te acordado mais uma vez.
1- Mas está tudo bem.
2 - Antes estivesse mas são aqueles problemas normais do dia-a-dia. Vá amanha combinamos o tal café
1- Porta-te bem abraço.

TU TU TU TU TU TU TU.

Excerto do livro "A minha amiga solidão"

O Poeta

Já há algum tempo que não escrevia um post. Sentia-me impelido a faze-lo mas ás vezes não temos mesmo nada para escrever ou o que temos, caímos, na estupidez de pensar que é ridículo ou sem sentido ou mesmo desinteressante. Hoje cá ficou mais um e sinceramente não tenho tido muito tempo para mais. O Tempo há-de chegar, com calma, tal como chega a primavera.

El Patronito o Ardina