sábado, 31 de dezembro de 2011

I'm free



Todos nós queremos desejar-vos, caros leitores, uma fantástica passagem de ano, que o fogo de artificio vos aliemente a alma, os amigos vos alentem a vida e nunca, nunca deixem que o fantasma da austeridade vos estragues os planos ou o momentos felizes.

Um grande Bem-Haja

El Patronito o Ardina

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ERA 8

Não creio ser má pessoa, na generalidade dizem-me ser um bom rapaz, outros, que tenho um grande coração e até há quem diga que tenho um coração de ouro. Mas eu contínuo a almejar a felicidade e nada me acontece ele, o todo-poderoso, não me ouve. Ah quem, diga que ele escreve direito por linhas tortas mas eu desconfio. A esperança esvanece se de ano para ano e se não fossem certas trivialidades a que dou valor, talvez já tivesse desistido. Por vezes estou tão cansado, tão desesperado, que as lágrimas me caem aos olhos e dou por mim a murmurar sozinho repetidamente “tu não existes”, “tu não existes”, “tu não existes tu não existes”. A cara encharcada de lágrimas de angústia de uma vida de sonho que não se concretizou e que cada vez está mais longe de ser algo risonho. Como pode um ser supremo brincar com a vida das pessoas como se fossem marionetas.
Peço bem-aventurança para os meus chegados, se ele não me dá nada talvez dê aos outros, e a felicidade dos outros traz-me sempre alguma felicidade. Mas mesmo assim nada acontece. Por isso digo sempre que o homem é que tem o poder de mudar o mundo acreditando ou não num ser supremo. Enfim talvez esse Deus não me compreenda, talvez não falemos a mesma língua. Era bom agora que ele aponta-se o dedo e num ato repreensivo para que não ousasse mais desconfiar da sua existência e pronunciasse repreensivamente: “ Hey Kid! It’s your lucky day, you’re gonna catch something big, man.
Olhei para a cana e vibrava mais uma vez freneticamente, estava lá algo agarrado agarrei na cana e recolhi a linha dando ao carreto, continuei a recolher pensativamente, talvez ele me tenha dado ouvidos. Mas a sorte desiludiu-me novamente porque apesar de lá estar um chicharro agarrado não pesava mais que um quilo e meio, nem sentira o puxão que não era forte o suficiente para constituir algo grande. Pus o chicharro de parte, com este peixe já eram dois naquela noite de pescaria em que já se contavam 3:20 da manha.

ERA 7

De quando a quando ia tomando atenção á cana. Por vezes, olhar para a cana com o era como olhar para o céu. O “starlight” assemelhava-se a uma estrela no horizonte, talvez se pedisse um desejo se realizasse. Geralmente peço “felicidade”, peço a Deus ou a um qualquer deus supremo que vagueie pelo céu que nos possa conceder algum desejo. Porto-me bem o ano inteiro, peço os desejos no natal, peço também no ano novo, no aniversário e nada. Para vos dar um exemplo: uma outra ocasião não tinha dinheiro e consegui vender um robalito de algum peso, valeu-me uma nota cujo objetivo seria para me aguentar o resto do mês até receber o vencimento, mas um pobrezito vasculhava os caixotes do lixo por comida, a sua fome sem vergonha fazia-o humilhar-se naquelas caixas castanhas. Ao vê-lo magro tive complacência e dei-lhe a nota. Que porra, pensei eu. Também é só dinheiro, nem estou muito precisado e faltam só três dias para o dia de São Receber, não era uma coisa que me valesse muito desde que tivesse algum para as coisinhas. Afastando a quantidade, muito ou pouco, se não tivermos ninguém para partilhar de que interessa ter dinheiro.
Pensei que essa atitude ficasse bem aos olhos do Salvador mas de pouco me valeu. Pois como disse: não o dei para ficar bem visto aos olhos de ninguém, mas podia significar algo e nem a mim, apesar de me deixar a consciência tranquila de que aquele moço sobreviveria mais uns dias, não me trouxe felicidade. Oh mal fadado destino: talvez se me tivesses dado ignorância, fosse agora um homem casado e com filhos; uma casinha e um trabalho, e talvez fosse feliz embora estupidamente estúpido. O pai dizia que eu era inteligente mas sempre lhe respondi que era uma maldição dir-lhe-ia agora isso se ele cá estivesse. Lembrei-me da cana, observei-a e ela ainda vibrava. Enquanto estiver a vibrar é bom sinal, quer dizer que ainda há lá isca no anzol e eles andam a cheirar e a picar a minhoca tentando a sorte. É esperar, deduzi eu.

domingo, 18 de dezembro de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

ERA 6




A cana continuava a vibrar, suspeitava que cada minuto que passasse, os peixes lhe roubavam um pedaço da isca, só me era permitido esperar que algum ficasse garrado até trocar novamente a isca.
Já tinha passado uma hora e cerca de 40 minutos desde que tinha lançado a primeira isca. Enquanto a minha mente deambulava, a cana vibrava cada vez mais, era bom sinal, era sinal de que eles estavam a gostar da comida, o que me faz lembrar uma história interessante. É curioso o facto de inúmeros pescadores, sejam eles amadores, semiprofissionais ou profissionais de elite e de grande gabarito, terem técnicas de pesca e rituais completamente distintos, seguindo claro, um padrão: práticas que vão desde o suporte ideal e da cana até ao estralho onde se encontra a isca, verdade! Nem mesmo a isca se escapa a estas experiências. É submetida ao processo "Tentativa-e-Erro", inúmeras vezes, há que escolher a isca mediante aquilo que se pensa pescar, há que escolher consoante a zona onde se vai pescar, há que saber o tamanho do peixe que se pensa pescar, é tudo feito em função do que se pretende apanhar. Há outros rituais de sorte e bem-aventurança que vão desde a colocação do suporte, o boné da sorte, o lançamento pela direita, o colete de pescador, o sininho na ponta da cana e muitos mais, tantas que podia continuar a mencioná-las o resto da noite. São infinitas práticas as que já assisti eu próprio também tenho, a minha mania diz que não é a cana nem a linha, embora façam diferença, mas sim o isco já tentei de tudo e hoje vou tentar mais uma isca nova. Mas continuo a achar que não temos muito controle sobre o apanhamos, uns dias apanha-se 7 ou 10 e outros dias não se apanha pevas. Lá mais para a frente iria experimentar uma isca nova, nada mais nada menos que uma tirinha de fígado de porco, correntemente denominada de isca. Tem a sua graça, talvez este trocadilho venha a fazer a diferença.