segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ERA 5

Já tinha apanhado o primeiro, suspeitava que ainda lá havia de bater o segundo, e o terceiro. Em todo o caso já me encontrava satisfeito em ter-me gladiado com um peixe de 3,5 quilos e ter vencido, nada de mais sinceramente. Vendo que o casulo era o prato do dia para o peixe pus-lhe mais um e lancei o peso, desta vez não caiu muito longe, mas como o lançamento não foi mau nem me dei ao trabalho de retirar. Apenas esperei. Na espera é normal cair nas minhas reflexões: isto e aquilo, aquilo e isto; podia ser bom ou mau ou podia nem sequer poder “whatever”, mas essas reflexões é que me entretinham. Já o meu pai dizia que um homem tem que falar nem que seja com ele mesmo, oh sim! O meu pai dizia coisas muito sabias dizia sim.
Costumo vir com pessoas que trazem duas canas, que é o máximo permitido por licença e em cada linha-mãe, também permito por licença, usam três estrálhos, - o conjunto que combina a linha que suporta o destorcedor e o anzol empatado - se bem que já vi pessoas a pescarem com cinco estrálhos, seis, e mais ainda se a linha-mae assim o permitisse. Ora se fizermos as contas às duas canas cada uma com três estrálho, são 6 para 1ª probabilidade de apanhar algo e vi muitos pescadores artilhados saírem da praia com “niente” por isso é sempre considerei a pesca um jogo de paciência ora pica ora vai, ora vai ora pica, ora solta, ora pica, ora prende, ora pica e por azar no último segundo solta, ora pica e a linha quebra, ora pica e “catchin” apanhamos algo. Sim! sem duvida, um jogo de paciência. Em duas horas e alguns minutos apanhei um peixe que até dá uma boa refeição, éra só meter no forno com batata miúda á murro, cebola, alho, e regar com azeite.
Tenho dias que cá vir e estar cinco, seis mesmo até sete horas na esperança de apanhar algo e nada, troco o isco, eles comem-no todo, volto a lançar e comem-no novamente, esta rotina durante 7 horas sem apanhar nada. Sim é um jogo de paciência, acredito profundamente que quando tiver que picar ele pica mesmo, e prende. Claro, é preciso reunir as condições necessárias - ora não se pode pescar onde não há mar. É um pouco como galar uma mulher, há que ter as condições reunidas mas quando tivermos que nos apaixonar isso acontece e nem sequer esperamos, estejamos num harém ou numa modesta taberna, simplesmente acontece. Pois é, o amor ocorre nas situações mais inoportunas.
A cana continuava a vibrar, suspeitava que a cada minuto que passava os peixes lhe roubavam um pedaço, só me era permitido esperar que algum ficasse agarrado até trocar novamente a isca.

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