domingo, 16 de dezembro de 2012
Fui de visita à minha tia a Marrocos
Fui de visita à minha tia a Marrocos
Fui de visita à minha tia a Marrocos (Hip Hop)
Fui de visita à minha tia a Marrocos (Hip Hop)
Fui de visita à minha tia, fui de visita à minha tia, fui de visita à minha tia a Marrocos (Hip Hop)
Singing aya iupi iupi ai
Singing aya iupi iupi ai, ai ai ai ai
Singing aia iupi iupi aia, iupi iupi aia, iupi iupi ai
Hip Hop
Para lá viajei de camelo (Ondulá)
Para lá viajei de camelo (Ondulá)
Para lá viajei , para lá viajei , para lá viajei de camelo (Ondulá)
Singing aya iupi iupi ai
Singing aya iupi iupi ai, ai ai ai ai
Singing aia iupi iupi aia, iupi iupi aia, iupi iupi ai
Hip Hop, Ondulá
P’lo caminho eu comi um bom porquinho (Ronc ronc)
P’lo caminho eu comi um bom porquinho (Ronc ronc)
P’lo caminho eu comi, p’lo caminho eu comi, p’lo caminho eu comi um bom porquinho (Ronc ronc)
Singing aya iupi iupi ai
Singing aya iupi iupi ai, ai ai ai ai
Singing aia iupi iupi aia, iupi iupi aia, iupi iupi ai
Hip Hop, Ondulá, Ronc ronc
Para acompanhar bebi um bom vinho (Glug glug)
Para acompanhar bebi um bom vinho (Glug glug)
Para acompanhar bebi, para acompanhar bebi, para acompanhar bebi um bom vinho (Glug glug)
Singing aya iupi iupi ai
Singing aya iupi iupi ai, ai ai ai ai
Singing aia iupi iupi aia, iupi iupi aia, iupi iupi ai
Hip Hop, Ondulá, Ronc ronc, Glug glug
De regresso viajei de comboio (uh-uhh)
De regresso viajei de comboio (uh-uhh)
De regresso viajei, de regresso viajei, de regresso viajei de comboio (uh-uhh)
Singing aya iupi iupi ai
Singing aya iupi iupi ai, ai ai ai ai
Singing aia iupi iupi aia, iupi iupi aia, iupi iupi ai
Hip Hop, Ondulá, Ronc ronc, Glug glug, uh-uhh
Da janela disse adeus à minha tia
Até breve! (Bis)
Da janela disse adeus à minha tia
Até breve !
Singing aya iupi iupi ai
Singing aya iupi iupi ai, ai ai ai ai
Singing aia iupi iupi aia, iupi iupi aia, iupi iupi ai
Hip Hop, Ondulá, Ronc ronc, Glug glug, uh-uhh Até breve !
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
terça-feira, 13 de novembro de 2012
One Perfect Rose
A single flow'r he sent me, since we met.
All tenderly his messenger he chose;
Deep-hearted, pure, with scented dew still wet -
One perfect rose.
I knew the language of the floweret;
'My fragile leaves,' it said, 'his heart enclose.'
Love long has taken for his amulet
One perfect rose.
Why is it no one ever sent me yet
One perfect limousine, do you suppose?
Ah no, it's always just my luck to get
One perfect rose.
All tenderly his messenger he chose;
Deep-hearted, pure, with scented dew still wet -
One perfect rose.
I knew the language of the floweret;
'My fragile leaves,' it said, 'his heart enclose.'
Love long has taken for his amulet
One perfect rose.
Why is it no one ever sent me yet
One perfect limousine, do you suppose?
Ah no, it's always just my luck to get
One perfect rose.
Dorothy Parker
El Patronito o Ardina
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
A hora da conversa
Chegara a hora de ter uma conversa com ele. Gerard andava
triste, cada vez mais ocupado com trabalho, mais cansado e cada vez mais sozinho.
O motivo do seu desânimo era fácil de perceber. Os tempos eram tortos sem dúvida,
o governo não dava margem de manobra às pequenas e médias empresas como o caso
desta. Enquanto as grandes monopolizavam o mercado e a concorrência, recebiam
ainda grande maioria dos subsídios. As outras, claro, enfraqueciam e abriam
falência levando com elas, dezenas de empregados ao desemprego e famílias á
ruína.
As vendas eram fracas e o motivo estava á
vista. Só o governo não percebia que quanto mais retirava aos portugueses,
menos eles compravam. Não havia poder de compra, não havia circulação de
dinheiro, não havia libertação de capital, ficava estagnado e não se
multiplicava. Mas a grande questão de Gerard, bem como a de todos nós, era como
manter os nossos cerca de cento e trinta empregados.
Para a empresa subsistir tinha
que haver despedimentos “layoff's”
como dizem os americanos. Era óbvio, era assustador e triste mas o “downsizing”
era talvez a única solução e devia ser encarada como uma realidade que a
qualquer momento iria acontecer. É uma regra que se aprende na faculdade e faz
parte do bom senso de qualquer gestor. Só ele não percebia isso, não sei se era
por não perceber nada de gestão ou se estaria a alimentar um sonho de que as
coisas iriam melhorar por si só.
Cheguei ao
trabalho e preparei as coisas. Tirei um café na máquina da sala de refeições da
direção. Tinha lá também uma máquina de bolos, o micro-ondas e uma mesa. Olhei
para a televisão, estavam a passar as notícias da austeridade que eram
habituais e comuns a qualquer outro dia, nada variava a não ser o valor que o
governo iria “roubar” ao seu povo. A situação económica piorava de dia para dia
e não era só em Portugal, a austeridade assombrava o mundo inteiro. Uma pessoa
chegava a sentir-se culpada por receber 3000 euros por mês quando a situação
geral era receber 475, 500, 600 euros. Gerard no entanto, pagava 350 euros á
mais que ordenado mínimo aos seus empregados. Ele remunerava em média, 850
euros por empregado. É na verdade, e nos dias que correm, uma quantia aceitável.
Acabei de beber o café e como
ainda não o tinha visto passar decidi dirigir-me ao seu gabinete bater á porta.
Antes do seu gabinete estava Natália a secretária e também Francisco o
contabilista debruçado sobre papelada, contas, lucros, faturas, procurando onde
poupar mais.
Batia a
porta e logo uma voz me disse “entre”.
- Gerard! - indaguei eu. Estava
com a mesma roupa de ontem. Estava explicado porque ainda não o vira a passar.
Ele não passara ali a noite, a trabalhar. O seus olhos estavam negros das
olheiras o cabelo despenteado todo ele parecia fraca. Perguntei-me se ao menos
teria comido qualquer coisa.
- Gerard –
interrompi bruscamente. – Temos que falar.
- Não há nada para falar. Eu sei
o que pretendes e digo já que não aceito.
- Mas é o
mais correto.
- Ainda há
solução – teimou ele.- Se cortarmos aqui, descermos o preço do produto e das
embalagens. Se alterarmos exponencialmente a circulação dos enlatados. Podemos
tentar expandir para outras zonas. Reposição imediata em grandes superfícies
- É tudo
uma ilusão Gerard. Vais ter que acabar por tomar essa decisão, mais tarde ou
mais cedo.
- Não vou –
levantou ele a voz. Assustou-me. - Olha bem para ali para a vitrina. Tenho
gente com família que nunca faltou, nunca chegou atrasado, vieram trabalhar
constipados, fizeram horas extras quando lhes foi solicitado. Que motivo vou
dar eu para lhes despedir.
- Ora! Eles
iram compreender. – disse eu. Só depois me apercebi que era uma asneira. Ninguém
compreende um despedimento com base no capitalismo.
- Compreendes
tu por eles porque a ti não te falta comida. A eles sim. Trabalha ai uma mãe solteira
com três filhos pequenos. Com que cara, vou eu dispensa-la dos seus serviço
para a empresa faturar mais. E como ela existem inúmeros outros casos.
Não consegui
dizer nada. Ele chamou-me a razão, contudo a minha atitude era para o bem da
empresa, dele especialmente.
- Já lá vão 2 anos desde que cá
estás – continuou – sempre achei que tinhas potencial, porque não confias em
mim agora quando eu mais preciso. Porque não usamos todos a cabecinha e vemos o
que se pode fazer para não despedir as pessoas que não merecem, que precisam do
trabalho. Não quero sem mais um tirano nesta sociedade.
Ok então
fazemos assim: eu pensarei em algo e convocamos uma reunião para as vinte
horas. Todos sem exceção aqui na empresa para falarmos sobre isto. Ninguém sai
daqui até ficar tudo claro, até arranjarmos uma solução ambigua. Entretanto tu
vais dormir porque também não estás a pensar com clareza.
Ele aceitou.
Embora eu soubesse que ele não ia voltar atrás com a sua decisão. Manteria a
sua postura até ao fim. Quando disse que ele não estava a pensar com clareza
não escolhi bem o termo. O seu raciocínio era claro, conciso, e digno, a única
diferença é que era direcionado para um bem mais nobre. De gestão até podia não
perceber pevas mas da condição humana ele sabia até de mais. O homem não é um
tirano, ele afinal tem coração era ponto assente. Todos nós pensamos e
debatemos e após ele mostrar a sua opinião verificamos que ele descartou o Downsizing. Ele fez melhor que isso,
rentabilizou a empresa.
Sara Van Winkle
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Saíram todos detrás da cortina e gritaram. Parabéns Parte 2
Tinha anotado numa folha as
coisas que tinha para fazer. Parecia a lista de Beatrix Kiddo no filme Kill
Bill. Número um: matar o pasteleiro. Não. Não é verdade o primeiro sítio onde
tinha que passar era numa sapataria… matar o sapateiro. Ah ah! Também não é
verdade. Tinha que lá passar, sim, mas era para trazer uns sapatos que tinha
reservado. Depois tinha que passar na pastelaria para levantar o bolo de
aniversário que tinha encomendado e ainda fazia contas de ir á livraria, tinha
o dia todo preenchido. Já havia tomado o pequeno-almoço em casa assim que acordei.
Café com leite e uns croissants. Um pequeno-almoço á parisiense. Também já riscara
a ida ao cabeleireiro que me fez uma maravilha com o cabelo. Estava, de momento,
perto da livraria e aproveitei para levantar logo o livro que tinha encomendado.
Entrei e esbarrei com um antigo ex-namorado que também lá estava. Já não o via há
largos anos.
Estava de costas e tive que andar
de volta dele a fingir-me interessada nos titulos até confirmar que era mesmo
ele.
James! – disse eu
Ele estava concentrado num livro
de Ernest Hemingway, por isso não respondeu. Olhei para ele e imaginei-lhe como
quando nos tínhamos conhecido há longos anos. Era como se não tivesse mudado de
forma alguma. A sua silhueta estava perfeita.
- Ernest Emingway hein? Sempre
foi o teu autor favorito.
- Amanda! – estranhou ele –
Amanda! - repetiu com mais ênfase.
- James como estás? Tudo bem?
É sempre estranho encontrar um
ex-namorado antigo que nos marcou. Há certos pensamentos que nos atravessam a
cabeça a vinte mil rotações enquanto sorrimos ridiculamente: “Será que estou
bonita?”, “porque é que isto tinha de acontecer hoje?” “logo hoje que estou tão
ocupada!”. “Está bonito!”, “deve ter namorada!” “ será que ainda sente alguma
coisa por mim?”, “porra o que faço agora?”. “ Fuck, fuck, fuck, merda”.
Esses encontros, no entanto,
obedecem a certas regras. Primeiro as expressões. Começamos por ficar
surpreendidas depois contentes e nunca tiramos o sorriso da cara. Permanecemos
sorridentes até ao fim. Depois vem a conversa trivial, que tem implementado
algumas frases chaves que seguem a seguinte ordem: Como estás? Que andas por
aqui a fazer? Estás formidável ou estás com bom aspeto! E de resto como está a
tua vida? Então e de amores? E a pergunta final: Queres ir beber café?
Este encontro, como todos os
outros, não fugiu á regra.
- Estou bem – afirmou ele - e tu
que contas.
- Tou a ver uns livros.
- Pois, pensei que tivesses vindo
comprar chanatos. – gracejou
- Ahh tens razão é uma livraria…
Vim buscar um livro que reservei. O novo romance da Sarah Van Winkle.
- “Nunca é tarde á meia-noite”?
- Sim é esse mesmo! Reservei para
dar a uma amiga. É o aniversário dela.
- Boa escolha Amanda. É muito
bom, aliás, qualquer livro dela é bom
- Bem sei. Bem sei. Então estás a
trabalhar em que? - perguntei
- Nada de especial! Sou apenas
coordenador de departamento da OHMS.
- Engraçado! Não é mesmo nada de
especial e eu a pensar que estavas a virar frangos. - Sorri
- Sim tem o seu que de
responsabilidade. E tu?
- Sou assistente do presidente de
uma fábrica de enlatados
- Isso é bom. Qual é a marca.
- “Enlatados de Portugal”
pertence a companhia “Portugal não vai nada mal”.
Fez-se um pouco de silêncio.
Ambos sorriamos estupidamente, apalpávamos as abas dos livros e líamos os
títulos e as sinopses como dois miúdos de escola envergonhados.
- Estás formidável Amanda. -
observou James.
- Não exageres, fui agora
arranjar o cabelo por isso é que pareço rejuvenescida.
- Não Amanda. Estás mesmo.
- Tu também, James. Estás com bom
aspeto. Deves ter todas as raparigas atrás de ti. – disse eu.
- Nem por isso, não me tenho
dedicado muito a isso. E tu.
- Também estou igual. Ando mais
vocacionada para o trabalho. Mas tenho sempre tempo para um copo ou dois.
- Nisso estamos de acordo. Queres
beber um logo? Falar de coisas?
- Logo vou estar ocupada numa
festa de anos mas manda-me uma mensagem talvez a festa já tenha acabado.
Trocamos os números e ainda
ficamos a falar por mais um algum tempo. Subitamente olhei para o relógio,
reparei que já se fazia tarde, despedi-me educadamente dele e tudo o resto que
tinha para fazer durante o dia foi feito a correr como corri entrei nas lojas
agarrei o que tinha encomendado e deslocava-me para outra loja parecia o
videoclip de uma banda de rock.
Consegui concluir tudo o que
tinha programado, eram quase horas de jantar, ligaram para saber onde andava
porque já lá devia estar.
Cheguei a tempo para a festa
surpresa, já havia muito coisa arranjada: os comes, os bebes, o karaoke. Só faltava
mesmo a aniversariante que também não tardaria a chegar. Pus o bolo na mesa e
guardei o livro na mesa dos presentes. O bolo já tinha as velas postas. O namorado,
que tinha preparado tudo, mandou mensagem, queria dizer que estavam prestes a
chegar, já deviam estar no prédio. Apagamos as luzes e escondemo-nos todos para
que quando chegassem gritássemos
Enfim, ouviu-se as chaves a rodar
a porta e entraram, o namorado dela acendeu as luzes desculpando-se por não ter
preparado nada para a festa, o que ra mentira Vanessa nem sonhava com a
surpresa que lhe esperava. Saímos todos detrás da cortina e gritamos em conjunto, Parabéns.
A festa
estava fantástica mas algo me entristecera. Eu via aquela felicidade entre Vanessa
e o namorado, o cuidado com que ele preparou a festa a atenção para a sua
cara-metade. E eu? Quando vai chegar a minha vez de ter alguém que me prepare
uma festa, ou que me prepare o jantar quando chegar tarde a casa? Foi então que
recebi uma mensagem do James. “sempre queres ir dar uma volta, beber um copo.” Voltou-me
o sorriso à cara e respondi-lhe que ainda estava na festa mas que daqui a pouco
já saia e que lhe ligava.
Sarah Van Winkle
Em “ O diário de Amanda”
Saíram todos detrás da cortina e gritaram. Parabéns. Parte 1 (Júlio)
O dia começou bem. Já pedira o
dia ao Gerard há mais de um mês. Ele gentilmente mo concedeu após um enorme
discussão que surgiu por outros motivos, estritamente profissionais.
O despertador tocou bem cedo,
eram nove horas. Levantei-me e abri imediatamente todas as cortinas do loft para
entrar o sol. Estava bem-disposta e com vontade de aproveitar o dia. Decidi ir
ao cabeleireiro do Júlio, tinha a sensação que o meu cabelo estava uma lástima ao
que ele admitiu quando lá cheguei, porém a sua estratégia de marketing é dizer a
todos os cabelos que estão uma lástima.
- Cherrí! - disse ele ao ver-me –
Olha-me esse cabelo – nem me deixou falar, não proferi sequer uma palavra – Ia
perguntar-te como estás fofa, mas o teu cabelo confessou-me tudo. Está as precisar
de um arranjo, está uma lástima. Meu Deus! ainda por cima tenho o salão cheio,
mas não te preocupes, arranjo um espaço para ti querida, tu mereces. Também deve
ser aquele teu patrão mal-encarado que te anda a desgastar, não te dá descanso.
Trata-me mal o ordinário?
Júlio fazia maravilhas com os
cabelos, era óbvia a sua orientação sexual e o principal defeito era ser um alcoviteiro
da pior espécie Era necessário mais do que uma vez chamar-lhe a atenção, no
entanto gostava muito dele e era a minha primeira escolha quando se tratava de
arranjar cabelos.
- Ele não é mal-encarado nem
grosseiro. Mas tens razão Júlio o trabalho dá cabo de mim.
- Vê-se
filha! Olha como estás?
- Não estou assim tão mal.
- Não está assim tão mal porque a
natureza deu-te o dom da beleza. És uma Afrodite mas mais algumas semanas e
entravas aqui feita num farrapo.
- Que exagero Júlio.
- Exagero é o teu cabelo.
Não esperei mais do que 15
minutos para estar sentada num cadeirão á confiança das mãos de Júlio. Ele perguntou-me
o que queria, sugerindo acentuar os caracóis, rapinar as pontas gastas e
dar-lhe um tratamento revitalizante. Mas eu disse-lhe que desta vez queria experimentar
desfrisar. Ele ficou surpreso mas eu continuei. Queria um corte curto, assimétrico.
Disse-lhe que abusa-se do desfiado e do degradê. Queria um corte curto na nuca
que preserva-se as pontas longas.
- Mas e os caracóis, honey.
Tens caracóis que metem inveja a qualquer mulher.
- Eu sei Júlio mas quero experimentar
algo diferente e não é permanente não sejas tão dramático. Sou a tua cobaia.
Confio em ti.
- Pois bem, assim seja Amanda.
Ele trabalhou durante uma hora da
qual pouco falou o que não era comum. Suou de andar de volta dos meus cabelos
ora estava á minha direita ora estava a minha esquerda. Creio nunca tê-lo visto
tão concentrado. Com uma das mãos prendia as pontas dos cabelos com a tesoura na
outra mão cortava-as, o pente prendia-se-lhe nos lábios sempre pronto a alisar
e alinhar os cabelos. Era incrível o sincronismo dele a trabalhar com aquelas
ferramentas. Esforçou-se ao máximo e enfim, após uma hora ele havia terminado.
- Et voilá. – finalizou Júlio
- Está perfeito. Oh Meu Deus como
está perfeito, e desconfiavas tu do teu talento. Devias ter vergonha.
- Depois do resultado final até
eu estou surpreendido – comentou Júlio – superei-me em larga escala.
- Não te trocava por um Paul Mitchell.
Muito obrigada.
- Kiss beautiful. Agora terá
qualquer homem aos teus pés.
- Todos, menos aquele que eu
quero. Mas não vou estragar o dia com essas pieguices. Obrigado Júlio.
Aquele cabelo deu-me confiança para o dia
inteiro, sabia no entanto que o dia ainda reservava algum trabalho com a festa
que ia organizar. “Amanda” pensei “estás simplesmente fantástica”. Os homens
olhavam-me fixamente mas creio que se apaixonavam apenas pelo cabelo do que
pela embalagem toda. Mas que importa aquele corte fazia-me sentir dona do
mundo. Adoro estes dias. Quem dera que todos assim fossem. Agora...tratemos da festa.
Sarah Van Winkle
Em “ O diário de Amanda”
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Party
Gerard estava de olhos postos nos documentos. Nem deu por
mim quando entrei. Sou sincera: entrei no intuito de ir buscar a carteira mas
também queria que ele me visse, que olhasse para mim, que me analisasse e a
certa altura fui bem-sucedida.
- Onde vais assim vestida? - perguntou
ele simpaticamente.
Eu disse que ia à festa da
empresa que ele tinha organizado. Fazia-me espécie que o patrão da empresa e organizador
da festa não comparecesse. Antigamente não havia festa que ele recusasse muito
menos esta, cheia de mulheres, de álcool e de boa disposição. Gerard
desculpou-se com excesso de trabalho que ainda tinha por terminar. Eu por sinal
disse-lhe que ia, conheceria gente interessante e podia lá estar algum homem
descomprometido com quem pudesse falar. Ele sorriu. Como se soubesse que eu não
queria apenas falar com um homem descomprometido.
- Já percebi Amanda, vais pó
galanteio não é? - concluiu ele em forma de questão. - A indumentária, no entanto, não é a mais
adequada, acrescentou.
- Então estou feia? - perguntei.
Ele disse que não. Estava muito
bonita mas faltava-me naturalidade, estava um tanto ou quanto artificial. Foi
nesse momento que ele, aquele homem, esbelto, de fisionomia definida, charmoso,
bem vestido, com o cabelo curto moldado pelo gel, levantou-se da cadeira e aproximou-se
calmo e sorridente. A cada passo que ele dava, o meu coração batia mais forte,
perguntava-me o que iria ele fazer. Pois bem, parou á minha frente. Estávamos
muito próximos. Poucos centímetros de vazio separavam os nossos corpos. Cruzámos
o olhar. Aqueles olhos belos e ardentes, cor de âmbar, hipnotizaram-me desde o
primeiro instante. Eu não conseguia desviar vista da sua cara, estava
petrificada pela sensualidade que Gérard revelava. Estava frente a frente com a
graciosidade da cara de malandro que sempre teve. Senti o bafo expelido da sua
boca, cheirava a café e canela. Ergueu os braços á minha volta. Desapertou o laço
azul acetinado que me prendia o cabelo e pousou-o em cima da mesa.
- Não precisas disto. - disse
ele.
Com as suas mãos sensíveis
sacudiu ligeiramente o meu cabelo. Não passava de uma sacudidela mas eu
sentia-a como uma massagem sexual que me arrebitou todos os pontos do meu
corpo.
- Tens um cabelo bonito - disse.
É curto e rebelde, mas nada feio. Fica-te melhor solto e para a frente.
Ele olhou-me de alto abaixo como
se observasse a minha alma. Olhou-me de tal forma que senti-me nua mas não
ofendida ou intimidada. Senti-me Eva a passear no Éden. Ele aprovou os meus
sapatos, os collants transparentes e brilhantes que me realçavam as pernas, a
saia, o cinto, tudo. Porém, torceu o nariz na camisa branca que tinha o
primeiro botão desapertado.
- Falta aqui qualquer coisa – constatou
Gérard desmanchou o nó da sua
gravata que era um vermelho tinto. Levantou as golas da minha camisa
negligenciando o meu busto e passou a gravata de volta do meu pescoço.
Eu continuei petrificada durante
todo aquele processo. Toda aquela atenção deixava-me imóvel. Parece que nunca
vira aquela peça de homem que ali estava, ou convivera tantos anos com ele e
sempre fiz olhos cegos ao que ele era.
Consegui sentir a fragrância do
seu perfume, Aloé-vera, que estava impregnado na gravata agora envolta no meu
pescoço. Ele estava a fazer-lhe o nó mas eu não conseguia tirar os olhos da sua
figura, de um momento para outro estava apaixonada. Queria ir á festa com ele,
queria beber uns martínis com ele. Divertíamo-nos e depois íamos para casa, deitávamo-nos
na cama, amávamo-nos um ao outro paralisando aquele instante para sempre. A
ocasião pedia que os nossos lábios se unissem e pensei na realidade de isso
acontecer pois o magnetismo juntava-os, mas ambos desviámos o olhar e sacudimos
aquela ideia da cabeça como se fosse pecado, porém convictos de que era aquilo
que queríamos. Gerard finalizou a sua boa ação com um beijo na minha cara e
disse as palavras finais que terminaram aquele impasse.
- Tas muito bonita vais arrasar
hoje. Diverte-te.
A guerra milenar dos sexos. Nunca
ninguém ganha: eles precisam de nós e nós precisamos deles. Por vezes somos
surpreendidas por estas surpresas. Fui á festa e apesar de me ter divertido
voltei sozinha a casa pois Gérard não me saia do pensamento.
Ao chegar a casa chorei, como uma
menina de escola cujo amor não é correspondido. Os humanos tornam a simples
vida numa complicada batalha. Chorei em nome de todos os seres humanos da
terra.
Sarah Van Winkle
Em “ O diário de Amanda”
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Óh
Todos os dias Teodoro
levantava-se cedo para dar de comer a toda bicharada que tinha em casa. Ele
contava com dois periquitos, um canário, um papagaio de nome Louro, uma gata
chamada Pipoca, tão afável que não fazia mal a uma mosca. Tinha também um pardal,
um ratinho branco apelidado de Zico, duas tartarugas, um esquilo chamado
Biscoito e um coelho de sua graça Tito. Com efeito, poucos animais faltavam
para fazer da sua casa a bíblica arca de Noé e muito em breve estaria para
chegar um novo inquilino. É, Teodoro tinha uma coração de ouro e os animais
eram a sua única companhia.
El Patronito o Ardina
Aos
26 anos, a sua mãe tinha partido para outro mundo e o pai partira para a tasca
mais próxima era ele ainda criança, e nunca mais voltara. Sabe Deus onde estará
o desgraçado nos dias de hoje, certamente bêbado. No entanto, antes
de a sua Mãe ter visto a luz divina inteirou-se que o seu descendente jamais
dormiria na rua, assegurando-lhe um teto neste caso a escritura da casa.
El Patronito o Ardina
segunda-feira, 2 de abril de 2012
sexta-feira, 23 de março de 2012
sábado, 10 de março de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Masturbação
Está deitado na cama mas não lhe cai o sono. Ele desenha formas de uma mulher deslizando a sua mão como se a acarinhasse. Não importa se é magra se é feia se é rabugenta se ressona; quem feio ama bonito lhe parece.
Ele imagina-a deitada e com a mão percorre-lhe todo o corpo, movendo-a em perfeita sintonia com todas as curvas que o mesmo pode ter. Acompanha o seu sono: não lhe toca com demasiada força para não acorda-la, nem com demasiada gentileza evitando incomoda-la.
Observa as suas medidas: o pescoço, as faces, os seios, o umbigo, os pés, todo a sua voluptuosidade. Observa-a com a magnificência de um homem paralisado minutos a fio, em frente a uma escultura de Michael Ângelo.
Ela pertence àquele cosmos que é o quarto, encaixa-se perfeitamente na sua cama pequena em perfeita simbiose emocional Ele ajusta-lhe o cabelo por trás da orelha e sorri, imaginando a cara dela regalada no sono, no calor do leito. Fabrica feições da cara dela, só com a mão, com os dedos, como se tivesse a trabalhar o barro. Sente-lhe as bochechas. Afaga-lhe a franja para lhe ver os olhos a sonharem paraísos e toca-lhe suavemente no nariz arrebitado sem nunca acorda-la.
Ele imagina pôr-lhe a mão no ombro, e move-a sentindo toda a delicadeza da sua pele como se avaliasse seda da mais genuína. Continua a deslocar a mão, cuidadosamente, percorrendo as formas dela, acaricia-lhe o pescoço, brinca com a orelha, sorri para ela e sonha com o seu abraço, como se ela lá estivesse.
Imagina que agora é ela que desloca a mão no seu corpo. Ele, acaricia o seu próprio ombro, como se fosse ela a faze-lo. Percorre a sua mão pela cara, afaga a sua própria nuca, faz remoinhos no cabelo, toca-se na orelha, e “cocegeja” levemente o pescoço, toca-se no nariz sempre como se fosse ela a faze-lo. Sente os seus mamilos rijos como se fosse ela massaja-los como se estivesse prestes a fazer amor. Move a sua própria mão por todas as zonas que lhe poderão potenciar o êxtase. Segreda a palavra “amo-te” e cai enfim no sono.
Ele imagina-a deitada e com a mão percorre-lhe todo o corpo, movendo-a em perfeita sintonia com todas as curvas que o mesmo pode ter. Acompanha o seu sono: não lhe toca com demasiada força para não acorda-la, nem com demasiada gentileza evitando incomoda-la.
Observa as suas medidas: o pescoço, as faces, os seios, o umbigo, os pés, todo a sua voluptuosidade. Observa-a com a magnificência de um homem paralisado minutos a fio, em frente a uma escultura de Michael Ângelo.
Ela pertence àquele cosmos que é o quarto, encaixa-se perfeitamente na sua cama pequena em perfeita simbiose emocional Ele ajusta-lhe o cabelo por trás da orelha e sorri, imaginando a cara dela regalada no sono, no calor do leito. Fabrica feições da cara dela, só com a mão, com os dedos, como se tivesse a trabalhar o barro. Sente-lhe as bochechas. Afaga-lhe a franja para lhe ver os olhos a sonharem paraísos e toca-lhe suavemente no nariz arrebitado sem nunca acorda-la.
Ele imagina pôr-lhe a mão no ombro, e move-a sentindo toda a delicadeza da sua pele como se avaliasse seda da mais genuína. Continua a deslocar a mão, cuidadosamente, percorrendo as formas dela, acaricia-lhe o pescoço, brinca com a orelha, sorri para ela e sonha com o seu abraço, como se ela lá estivesse.
Imagina que agora é ela que desloca a mão no seu corpo. Ele, acaricia o seu próprio ombro, como se fosse ela a faze-lo. Percorre a sua mão pela cara, afaga a sua própria nuca, faz remoinhos no cabelo, toca-se na orelha, e “cocegeja” levemente o pescoço, toca-se no nariz sempre como se fosse ela a faze-lo. Sente os seus mamilos rijos como se fosse ela massaja-los como se estivesse prestes a fazer amor. Move a sua própria mão por todas as zonas que lhe poderão potenciar o êxtase. Segreda a palavra “amo-te” e cai enfim no sono.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
ERA 11
Repito-me dizendo que a cana vibrava fugazmente. A noite tinha sido frutífera, eram já 3:50 e apanhara 2 peixes, mesmo que até as 5h não apanha-se mais nada, não ia de mãos vazias.
Era engraçado observar a cana a vibrar e saber que não estava lá nada. A primeira vez que pesquei foi obviamente com o pai. Ele dava grandes lições na pesca, e eu, ainda catraio, provocava-lhe risos sempre que a cana vibrava porque ia chama-lo a esbracejar “apanhei, apanhei”. Ele inicialmente olhava para a cana, mas na verdade era simplesmente maré que a fazia vibrar, era a maré ou os peixes a picar a isca. Ao longo da prática da pesca aprende-se a distinguir a oscilação da cana provocada pela maré, de um peixe que picou o anzol.
Então estava eu, sem tirar os olhos da cana, a ver se alguma coisa picava e ela vibrava não havia dúvida. O pai constantemente dizia que era a maré e eu chateava-o e ia a correr ter com ele, á sua cana a gritar: “apanhei, apanhei”, ele respondia sempre com sorriso: “ é a maré, é a maré”. Eu lembrava-lhe os miúdos em viagem que perguntam a todo o minuto: “já chegámos…, já chegámos” ou aqueles que estão na misse e perguntam sempre se estão a portar bem. É!… o pai se aqui estivesse ainda me havia de ensinar coisas úteis, muito úteis na verdade. Sabia quando havia de repreender e quando sorrir.
Perdi-me outra vez nas minhas divagações, devaneios, se lhe quiserem chamar isso. Tinha uma lata de anchovas para comer e uma caneca de café para beber. A cana vibrava mas ainda não estava lá nada, fui então comer sossegado pensando nas palavras do pai. “É a maré…É a maré”
Era engraçado observar a cana a vibrar e saber que não estava lá nada. A primeira vez que pesquei foi obviamente com o pai. Ele dava grandes lições na pesca, e eu, ainda catraio, provocava-lhe risos sempre que a cana vibrava porque ia chama-lo a esbracejar “apanhei, apanhei”. Ele inicialmente olhava para a cana, mas na verdade era simplesmente maré que a fazia vibrar, era a maré ou os peixes a picar a isca. Ao longo da prática da pesca aprende-se a distinguir a oscilação da cana provocada pela maré, de um peixe que picou o anzol.
Então estava eu, sem tirar os olhos da cana, a ver se alguma coisa picava e ela vibrava não havia dúvida. O pai constantemente dizia que era a maré e eu chateava-o e ia a correr ter com ele, á sua cana a gritar: “apanhei, apanhei”, ele respondia sempre com sorriso: “ é a maré, é a maré”. Eu lembrava-lhe os miúdos em viagem que perguntam a todo o minuto: “já chegámos…, já chegámos” ou aqueles que estão na misse e perguntam sempre se estão a portar bem. É!… o pai se aqui estivesse ainda me havia de ensinar coisas úteis, muito úteis na verdade. Sabia quando havia de repreender e quando sorrir.
Perdi-me outra vez nas minhas divagações, devaneios, se lhe quiserem chamar isso. Tinha uma lata de anchovas para comer e uma caneca de café para beber. A cana vibrava mas ainda não estava lá nada, fui então comer sossegado pensando nas palavras do pai. “É a maré…É a maré”
ERA 10
Era então certo que iria ali ficar, ficara assim decidido. a chuva continuava a cair miudinha, condição que nem me incomodava.
Preparava-me para beber um copo de café e abrir a lata de anchovas quando subitamente comecei a ouvir uma espécie de zumbido, um “ ZZZZzzzzzzzzzzzz” forte e contínuo que me estava a fazer confusão, a cana ludibriou-me porque oscilava ao sabor da corrente e só me apercebi que algum peixe tinha ficado agarrado quando me aproximei da cana, dobrei-me e encostei o ouvido ao carreto. Não era necessário ser Einstein para deduzir que estava lá um peixe e não era pequeno. Apressadamente agarrei na cana e recolhi a linha, ainda cheguei a sentir um esticão mas a linha recolheu-se sem qualquer dificuldade e achei natural que o que lá estava tinha acabado de se soltar. Recolhi toda a linha e de facto como era previsível não estava lá nada, estava a chumbada presa na madre, mas tudo o resto tinha o levado o peixe: o estralho, o anzol e o peixe em si. Olhei o mar e raciocinei sobre que tinha feito de errado, mas o que está feito, feito está. Voltei a por a isca e desta vez apertei bem os nós. Nenhum peixe havia de lá escapar agora. Atirei o peso novamente e desta vez consegui atira-lo até cerca de 30 metros. E esperei. Pouca se faz aqui a não ser esperar e divagar. Quando estou sozinho, o que é muito frequente, geralmente ponho sempre uma musica na radio, é a Eunice quem me faz companhia usualmente, gosto também muito de escrever mas o pais não está para escritas utilmamente, bem, o pais não está para nada utilmamente como pode o povo pagar por uma crise criada pelos grandes. Não vou divagar sobre isso recusou-me esse tema só me faz triste, a crise e o amor. Se ao menos em miúdo, tivesse fechado os olhos á economia e ao amor seria agora feliz… Burro é certo, mas feliz.
A cana vibrava novamente, mais umas frases solta saídas do cerne do meu pensamento e estaria ali um peixe a debater-se para escapar. Era só uma questão de esperar. Esperar.
Preparava-me para beber um copo de café e abrir a lata de anchovas quando subitamente comecei a ouvir uma espécie de zumbido, um “ ZZZZzzzzzzzzzzzz” forte e contínuo que me estava a fazer confusão, a cana ludibriou-me porque oscilava ao sabor da corrente e só me apercebi que algum peixe tinha ficado agarrado quando me aproximei da cana, dobrei-me e encostei o ouvido ao carreto. Não era necessário ser Einstein para deduzir que estava lá um peixe e não era pequeno. Apressadamente agarrei na cana e recolhi a linha, ainda cheguei a sentir um esticão mas a linha recolheu-se sem qualquer dificuldade e achei natural que o que lá estava tinha acabado de se soltar. Recolhi toda a linha e de facto como era previsível não estava lá nada, estava a chumbada presa na madre, mas tudo o resto tinha o levado o peixe: o estralho, o anzol e o peixe em si. Olhei o mar e raciocinei sobre que tinha feito de errado, mas o que está feito, feito está. Voltei a por a isca e desta vez apertei bem os nós. Nenhum peixe havia de lá escapar agora. Atirei o peso novamente e desta vez consegui atira-lo até cerca de 30 metros. E esperei. Pouca se faz aqui a não ser esperar e divagar. Quando estou sozinho, o que é muito frequente, geralmente ponho sempre uma musica na radio, é a Eunice quem me faz companhia usualmente, gosto também muito de escrever mas o pais não está para escritas utilmamente, bem, o pais não está para nada utilmamente como pode o povo pagar por uma crise criada pelos grandes. Não vou divagar sobre isso recusou-me esse tema só me faz triste, a crise e o amor. Se ao menos em miúdo, tivesse fechado os olhos á economia e ao amor seria agora feliz… Burro é certo, mas feliz.
A cana vibrava novamente, mais umas frases solta saídas do cerne do meu pensamento e estaria ali um peixe a debater-se para escapar. Era só uma questão de esperar. Esperar.
domingo, 8 de janeiro de 2012
ERA 9
Voltei a instalar o isco espetei-lhe um camarão tigre descascado. Decidi por esse, embora na maleta tivesse uma grande variedade de isca; tinha sardinha que podia filetar; tinha lula que podia golpear; tinha camarão tigre e camarão normal conservado em sal, tinha minhoca casulo, tinha uma ou outra amêijoa, e caranguejo não tinha mas podia á vontade apanhar perto das rochas. Montem o anzol intermédio pois tanto podia apanhar um peixe pequeno como um peixe grande geralmente usava material intermédio para abranger varias hipóteses. Lancei ao mar e anotei a hora: eram três e meia da madrugada. A vara não se mexeu durante 5 minutos, vergou então ligeiramente mas nada que me fizesse levantar da areia. Então começou a chover. Bem fui avisado pelos meus amigos que iria chover, por enquanto caíam pequenas pingas, come se o mar tivesse alma e aspejá-se-me agua, como se disse-se “acorda miúdo”, mas sabia que iria piorar, talvez não agora, talvez esta chuva miúda fosse um advertência para algo mais forte, como se quisesse que me fosse embora porque iria cair fortemente. Era inverno e já há mais de um mês que não chovia, não me importava que chovesse agora. Se a natureza dizia para me ir embora eu decidi ficar. Vesti a gabardina para não molhar os blusões, tirei o café que tinha feito em casa e a lata de anchovas e ali fiquei. O mar disse “vai-te” e eu respondi-lhe “não”.
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