quarta-feira, 17 de março de 2010

Este ano não vai haver Cravos. Capitulo 6 parte 2

O moço correu como nunca tinha corrido, e atento entrou num prédio abandonado onde apenas lá residiam “ocupas”. O prédio abandonado era velho, tanto ao nível de estrutura como de arquitectura. Era um daqueles prédios caquécticos mas que ainda se aguentam em pé e que a câmara municipal prefere vê-lo cair com a idade, dentro de uma dezena de anos, do que pagar uma demolição controlada ou um dispendioso restauro. Coisas de políticos!
O moço correndo exaustivamente subiu as escadas daquele prédio velho e encontrou-se com ele.
- J… Jenny, Capitão - afirmou o rapaz ofegante - Jenny está presa capitão
- Como presa?
- Foi hoje, de madrugada… também só soube há pouco, disse-me o marginal.
- Epá, só faltava mais esta! – Exclamou o capitão, levando a mão à cabeça. – Que caso bicudo. Que está a fazer o Luís.
- Está no norte meu capitão, a tratar da filial de Vila Nova de Gaia
O sol já tinha raiado na totalidade, já era dia e o Capitão não dormira a noite toda, melindrado com outros assuntos de extrema importância, agora não iria dormir de qualquer das maneiras, pois não parava de pensar na detenção de Jenny.
- E o Bobby ainda está na Noruega. - Perguntou o Capitão.
- Sabes bem que sim, ele está embarcado.
- Mas temos o Daniel
- Ele está no Alentejo na RAP… Não temos ninguém Capitão – afirmou o moço exaltando-se – ninguém!
- Acalma-te rapaz, o nervosismo e ânsia não levam a lado nenhum quanto mais estares irritado. – Apaziguou o Capitão - Eu sei o que vamos fazer, consigo-a tirar de lá em pouco tempo.
- E se lhe acontece alguma
- Eu creio que a Jenny consegue passar um ou dois dias na choça…Telefona á Tatiana e diz-lhe que é urgente diz que … o barco meteu agua e não pode sair do porto. Diz-lhe também que este ano não vai haver cravos… tá de chuva. Vais ver que ela virá logo. Com a Jenny, não te preocupes nem sequer vás lá falar com ela. Deixa miúdo… eu trato disto.
- Sim capitão, sabe que sempre o tive em grande estima perdoa-me se as vezes penso mais com o coração do que com o miolo
- Deixa rapaz, por vezes também me acontece isso, não te preocupes, foquemo-nos em coisas mais importantes. – Enquanto falava, olhou a janela pensando em quantas vezes tinha prevalecido o coração por alguém que estava lá fora, mas o destino quis que ele cá ficasse, no seu país malfadado, numa capital amaldiçoada.
- Como está a rádio e o nosso correspondente na Alemanha – perguntou o Capitão
- Está tudo a andar, não te preocupes. A Rádio está porreira, temos correspondentes quase em todo o lado; Alemanha, Holanda, Espanha, França até no Alaska.
- É preciso ter estaleca para estar no Alaska, talvez passe por lá um dia destes.
- Miúdo vai á tua vida, já fizeste demais, vai lá descansar que precisas, fica alerta pois qualquer coisa acordo-te
- E o meu capitão quando vai dormir? – Perguntou o moço – Não dormiu a noite toda
- Quando acabar de ver estes documentos
O moço saiu da sala e desceu novamente as escadas voltando a rua, o Capitão olhava a janela enquanto pensava metaforicamente: «Também estou cansado, mas não posso dormir agora, durmo quando cair neve em Lisboa. Lutarei até morrer.»

Capitão Caguinhchas

Pois o tempo não me tem ajudado a conseguir escrever as crónicas no jornal, pedi ajuda a um amigo para escrever uma. Espero que gostem. Um Bem-Haja Capitão e um esperançoso Kumbaya para todos os leitores.

El Patronito o Ardina

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