Começo a correr no meu bairro
corro tão rápido quanto um carro
corro mais e mais sem nunca parar
continuo até a sombria floresta atravessar
estendo os braços e de repente estou a voar
se tiro um lenço do bolso fico logo a navegar.
É esta sede de não estar quieto
este pesadelo de estar parado
sou assim, extremamente inquieto
sou mais aventureiro que um leopardo
Sou supersónico sou um concorde
em poucos minutos bati o melhor recorde
sou um pateta de um sonhador
sonho por este mundo tentador
moribundo, sem vida
sedento de alegria
enquanto pela estrada corro
sempre sempre sem parar
cobri a cabeça com o meu novo gorro
até se me o fôlego acabar
não parei caminhar
na ânsia de saber quem sou
desde que nasci que me pergunto
A inteligência me amaldiçoou
com essa duvida sem luz no fundo
serei um escritor no seu apogeu?
ou um poeta amargurado,
um sentimentalista embriagado,
quem realmente sou?
Paro e chego a conclusão
és um escritor em ascensão
e sempre com uma exagerada ambição.
Com o vento a bater na cara
A chuva que se acalma
Depois de amainar a tempestade
e diminuir a velocidade,
constatei: que um dia serei alguém. assim que chegar a oportunidade
Pois sou filho de Augusto Freire de Andrade.
O Poeta
El Patronito o Ardina
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