Era quinta-feira, chovia
fortemente em Lisboa. Pairava no ar um cheiro maroto, resultante das primeiras
chuvas do Outono que limpavam as ruas e elevavam aqueles vapores pestilentos
misturados com a humidade. O vento também não dava descanso e tornava a chuva
ainda mais desagradável e algo dolorosa. Já era madrugada mas à conta das
nuvens carregadas o sol nem se via, parecia ainda noite que alguns
exageradamente classificavam como apocalítica. Os relógios marcavam sete e mais
alguns minutos, a maior parte das pessoas dormia enquanto outras estendiam o
sono até estarem efetivamente atrasadas para que compromisso fosse, outras aproveitavam
as condições atmosféricas para se inspirarem à frente de um computador, chorando
baba e ranho, escrevendo o pseudo-romance do século, magicando uma qualquer frase
célebre que ficasse para a história da literatura. Por último haviam aqueles
que enfrentavam a chuva sem medos e já se achavam no martírio dos transportes
públicos para irem trabalhar.
El Patronito o Ardina
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