quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A new don

Era quinta-feira, chovia fortemente em Lisboa. Pairava no ar um cheiro maroto, resultante das primeiras chuvas do Outono que limpavam as ruas e elevavam aqueles vapores pestilentos misturados com a humidade. O vento também não dava descanso e tornava a chuva ainda mais desagradável e algo dolorosa. Já era madrugada mas à conta das nuvens carregadas o sol nem se via, parecia ainda noite que alguns exageradamente classificavam como apocalítica. Os relógios marcavam sete e mais alguns minutos, a maior parte das pessoas dormia enquanto outras estendiam o sono até estarem efetivamente atrasadas para que compromisso fosse, outras aproveitavam as condições atmosféricas para se inspirarem à frente de um computador, chorando baba e ranho, escrevendo o pseudo-romance do século, magicando uma qualquer frase célebre que ficasse para a história da literatura. Por último haviam aqueles que enfrentavam a chuva sem medos e já se achavam no martírio dos transportes públicos para irem trabalhar. 

El Patronito o Ardina

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