domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dont go!

De 23 para 24, a noite, ofereceu-me uma panóplia de pesadelos. Pensei: “Começo bem a véspera de Natal”. Sonhei com muita coisa que me fez acordar e adormecer novamente mas o pior deles foi este: Estava a sair do emprego quando vi o Shane Macgoan com a sua bebedeira usual a cantar na praceta. “Adoro o Shane” comentei eu com os meus botões “vou-lhe pedir um autografo” magiquei eu. Tentei correr para ele enquanto ele mandava umas asneiradas porque o público não estava a reagir, dos ouvintes que lá estavam, ninguém ligou ao génio do Shane; era de presumir que pensassem que ele estaria acabado… Nunca! Não o Shane, ele nunca, mas no entanto, embora parecesse que estava perto de onde ele cantava parecia contrariamente bastante longe e corria como nunca corri. Olhei novamente e vi que ele arrumava as coisas enquanto corria que nem um doido.
Pois corri ainda mais; corria nunca corri, chorava como nunca chorei, já estava perto mas nunca estando perto e gritava também como nunca gritei, rouco, a chorar e ofegante: “Shane dont go” “Shane please, dont go, wait a moment please” “Oh God… please Shane dont go”. Posso garantir, caro leitor, que não consegue imaginar o meu desespero naquele momento enquanto corria enquanto chorava e enquanto gritava. Shane Macgoan arrumava a sua voz enquanto os outros arrumavam o banjo, a guitarra, o acordeão, a gaita-de-beiços, o tamborim entre outras tantas coisas que arrumaram depois de executarem um singelo concerto mal sucedido e mal apreciado, mas este miúdo… este miúdo adora o Shane. Bêbado ou sóbrio, ele adora o Shane.
Poucas pessoas estavam lá a ouvi-lo, posso dizer que nem sequer contaria 20; ninguém aplaudia, ninguém cantarolava, ninguém sequer vaiava Shane e eu que corria mais rápido que uma locomotiva, chorava mais lágrimas que o Niágara e gritava mais alto que 1000 homens, ele a mim não me ouvia.
Ao público que inertemente o ouvia, ele só bradava: ”Fuck off. Fucking bastards, FUCK YOU” e eu, que só lhe queria um autógrafo, ver-lhe a cara; nem conseguia lá chegar, porque este miúdo adora o Shane… simplesmente adora o Shane. Enfim, ele arrumou as coisas e já estavam todos de saída, foi ai que cheguei àquela multidão – se é que se poderá chamar àquele aglomerado de multidão – de 20 pessoas, mas mais um contratempo se impôs; Shane Macgoan já estava a por as coisas na carrinha. Eu, sem pensar, fui direito ao carro, limpando as lágrimas que me caiam dos olhos e se acumulavam no maxilar inferior com a manga, continuava a gritar: “Com’on shane don’t go please”. Chorava como se não houvesse amanha, só queria um autógrafo e talvez ver-lhe a cara, mas ele não parou, continuava a dizer asneiras como sempre fez, vaiava o público como sempre fez, chamava nomes e praguejava asneiras vezes e vezes sem conta como sempre fez, enquanto entrava dentro do carro. Ainda toquei no carro, bati no vidro, mas não parava de gritar: “Shane please”
Enquanto lhe via a cara no vidro do carro, corri mais rápido e pus me à frente do carro que parou por instantes, eu continuava a chorar enquanto o carro parou. Eu só queria um autografo. Mas o carro desviou-se e continuou o seu caminho. Pus as mãos a cara e praguejei: “ Fuck no Shane fuck no. Why Shane? Why? Why did you go Shane. Shane! Shane Mac”fucking”goan ”. Chorei durante mais 3 minutos, sensivelmente, e então acordei suado. Pus um álbum do Shane mMacgoawn a tocar - um de todos os álbuns que lá tenho - só para saber que ele estava lá, na minha prateleira.
Não recebi o autógrafo do Shane mas este miúdo continua a adorar o Shane Macgoawn.

É de facto um sonho um pouco estúpido, talvez alguém me consiga explicar o que significa. Mas entretanto se acharem mesmo, realmente estúpido, esta pequena história, compenso-vos na próxima crónica.

Um enorme bem-haja

El Patronito o Ardina

1 comentário:

Anónimo disse...

Só pode significar uma coia: Que adoras o Shane Macgoawn.

O Poeta