sábado, 30 de março de 2013

A Noite.


           Por momentos houve, inúmeras vezes, que sorri com verdadeira alegria por o ambiente assim o ter proporcionado.  A maior parte à noite. A noite! essa era minha, era quando sorria verdadeiramente. Libertava-me a alma, lava-me os problemas e as preocupações, e era sempre quando escrevia melhor. Quando escrevia algum tema acabava sempre por retratar o amor; bem sucedido mas mais frequentemente o falhado. Punha-lhe um happy ending lá para o final e tudo acabava sempre bem, o verdadeiro amor vencia e perdurava. Claro que direi sempre a qualquer pessoa que a vida não é um conto de fadas mas eu vivo-a como se assim fosse. Os paradoxos são realmente uma trampa. 
          Quando escrevo estou realmente alegre, sorrio quando escrevo alíneas, sorrio na construção de frases, e quando organizo trechos. O clímax da alegria, o brilho do meu sorriso era quando escrevia o "Fim" no final de cada tema ou historia.
         Poucos sabem de fato o que isso é, e ninguém me pode tirar essa sensação, é meu, só meu e repete-se sempre que agarro numa caneta, é como sexo promiscuo que podia fazer em qualquer lado; na rua, num beco, num banco de jardim, as escura ou sob a luz dos lampiões de rua, à chuva, ao sol, de noite ou de dia, a qualquer altura e em qualquer lugar. Brincava e fazia amor com as palavras, as frases roçavam-me gentilmente a cabeça e o corpo como se, quem me acariciasse, fosse uma mulher. A letras, as virgulas, os pontos, a sintaxe de todos ou qualquer texto embalavam-me servindo de almofada. A estética e a poesia beijavam-me a face e os lábios desejando-me boa noite. Qualquer declaração era uma melodia de adormecer, por muito alegre que fosse o conto ou muito triste. E o texto na sua integra pairava em todo o meu "eu" como o abraço carinhoso da mais bonitas das paixões sussurrando-me ao ouvido "amar-te-ei até ao fim". Ninguém me podia tirar esse amor, é maior do que o de qualquer mulher.   

Excerto do livro: Snack-Bar o Mordomo.
Jake Mandino 

El Patronito o Ardina