domingo, 19 de fevereiro de 2012

Masturbação

Está deitado na cama mas não lhe cai o sono. Ele desenha formas de uma mulher deslizando a sua mão como se a acarinhasse. Não importa se é magra se é feia se é rabugenta se ressona; quem feio ama bonito lhe parece.
Ele imagina-a deitada e com a mão percorre-lhe todo o corpo, movendo-a em perfeita sintonia com todas as curvas que o mesmo pode ter. Acompanha o seu sono: não lhe toca com demasiada força para não acorda-la, nem com demasiada gentileza evitando incomoda-la.
Observa as suas medidas: o pescoço, as faces, os seios, o umbigo, os pés, todo a sua voluptuosidade. Observa-a com a magnificência de um homem paralisado minutos a fio, em frente a uma escultura de Michael Ângelo.
Ela pertence àquele cosmos que é o quarto, encaixa-se perfeitamente na sua cama pequena em perfeita simbiose emocional Ele ajusta-lhe o cabelo por trás da orelha e sorri, imaginando a cara dela regalada no sono, no calor do leito. Fabrica feições da cara dela, só com a mão, com os dedos, como se tivesse a trabalhar o barro. Sente-lhe as bochechas. Afaga-lhe a franja para lhe ver os olhos a sonharem paraísos e toca-lhe suavemente no nariz arrebitado sem nunca acorda-la.
Ele imagina pôr-lhe a mão no ombro, e move-a sentindo toda a delicadeza da sua pele como se avaliasse seda da mais genuína. Continua a deslocar a mão, cuidadosamente, percorrendo as formas dela, acaricia-lhe o pescoço, brinca com a orelha, sorri para ela e sonha com o seu abraço, como se ela lá estivesse.
Imagina que agora é ela que desloca a mão no seu corpo. Ele, acaricia o seu próprio ombro, como se fosse ela a faze-lo. Percorre a sua mão pela cara, afaga a sua própria nuca, faz remoinhos no cabelo, toca-se na orelha, e “cocegeja” levemente o pescoço, toca-se no nariz sempre como se fosse ela a faze-lo. Sente os seus mamilos rijos como se fosse ela massaja-los como se estivesse prestes a fazer amor. Move a sua própria mão por todas as zonas que lhe poderão potenciar o êxtase. Segreda a palavra “amo-te” e cai enfim no sono.