terça-feira, 22 de novembro de 2011

The Beatles - All Together Now

The fisrt one. The original. The one an' only.



El Patronito o Ardina

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

ERA 5

Já tinha apanhado o primeiro, suspeitava que ainda lá havia de bater o segundo, e o terceiro. Em todo o caso já me encontrava satisfeito em ter-me gladiado com um peixe de 3,5 quilos e ter vencido, nada de mais sinceramente. Vendo que o casulo era o prato do dia para o peixe pus-lhe mais um e lancei o peso, desta vez não caiu muito longe, mas como o lançamento não foi mau nem me dei ao trabalho de retirar. Apenas esperei. Na espera é normal cair nas minhas reflexões: isto e aquilo, aquilo e isto; podia ser bom ou mau ou podia nem sequer poder “whatever”, mas essas reflexões é que me entretinham. Já o meu pai dizia que um homem tem que falar nem que seja com ele mesmo, oh sim! O meu pai dizia coisas muito sabias dizia sim.
Costumo vir com pessoas que trazem duas canas, que é o máximo permitido por licença e em cada linha-mãe, também permito por licença, usam três estrálhos, - o conjunto que combina a linha que suporta o destorcedor e o anzol empatado - se bem que já vi pessoas a pescarem com cinco estrálhos, seis, e mais ainda se a linha-mae assim o permitisse. Ora se fizermos as contas às duas canas cada uma com três estrálho, são 6 para 1ª probabilidade de apanhar algo e vi muitos pescadores artilhados saírem da praia com “niente” por isso é sempre considerei a pesca um jogo de paciência ora pica ora vai, ora vai ora pica, ora solta, ora pica, ora prende, ora pica e por azar no último segundo solta, ora pica e a linha quebra, ora pica e “catchin” apanhamos algo. Sim! sem duvida, um jogo de paciência. Em duas horas e alguns minutos apanhei um peixe que até dá uma boa refeição, éra só meter no forno com batata miúda á murro, cebola, alho, e regar com azeite.
Tenho dias que cá vir e estar cinco, seis mesmo até sete horas na esperança de apanhar algo e nada, troco o isco, eles comem-no todo, volto a lançar e comem-no novamente, esta rotina durante 7 horas sem apanhar nada. Sim é um jogo de paciência, acredito profundamente que quando tiver que picar ele pica mesmo, e prende. Claro, é preciso reunir as condições necessárias - ora não se pode pescar onde não há mar. É um pouco como galar uma mulher, há que ter as condições reunidas mas quando tivermos que nos apaixonar isso acontece e nem sequer esperamos, estejamos num harém ou numa modesta taberna, simplesmente acontece. Pois é, o amor ocorre nas situações mais inoportunas.
A cana continuava a vibrar, suspeitava que a cada minuto que passava os peixes lhe roubavam um pedaço, só me era permitido esperar que algum ficasse agarrado até trocar novamente a isca.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

ERA 4

Sempre achei que o casulo é uma ótima isca. Não é cara é até bastante acessível, encontra-se á venda em qualquer lado, tem a vantagem de brilhar á noite e de ser fácil de iscar, não necessita de grandes manobras. It’s simple e não nos morde como o ganso coreano que é preciso um manual para por aquela bicha no anzol. Dei por ela agora, que pensei em inglês. Tenho a mania de pronunciar frases em inglês, sei lá, deve ser mais fácil… elas simplesmente aparecem… no meio das minhas filosofias e as vezes penso-as ou pronuncio-as sem sequer me dar conta. Mas que importa ninguém está a ouvir-me por isso não posso passar por louco só se é visto como louco quando alguém grita para outros humanos “este tipo é louco”
Não tinham passado nem 3 minutos completos e já a cana andava agitada, mas ainda não tinha agarrado nada, notava-se que eram apenas esticões, como se o peixe andasse a cheirar e a provar a isca para ver se seria de confiança, tal como fazem os cães. Ah os cães….não haja dúvida são o melhor amigo do homem, se tivesse trazido a Cagufa talvez não caísse nestes longos monólogos. É a melhor companhia, é daquelas companhias que fica logo atrás do mar. É um bom ouvinte, não protesta por te ouvir, não se cansa nem se queixa dizendo que esta farto de ali estar, e tudo isto a troco de algumas carícias que alegremente nos retribui. O senão é apenas o facto de não pararem quietos. Ahhhhh mas cum catano não havia ela de gostar de estar aqui, filha de pescadores como ela é, ali da Lourinhã. Lembrei-me entretanto de inúmeras pessoas que haveriam de gostar de ali estar. Enamorei-me, há tempos, por uma moça que era louca por praia, quantas vezes caminhava-mos e falávamos a apanhar conchas, foram tempos muitos bom mas não sei o que se passou nem nunca saberei de um momento para o outro tudo mudou, já nem me lembro por que motivo tudo acabou nem me quero lembrar e mesmo que lembra-se, tudo isso agora parecer-me-ia trivial e ainda me riria disso. Como podem acabar certas relações por causa de mesquinhices.
Via a cana a vergar bastante e receava ridiculamente que o fio se partisse o que me fez lembrar aquela malta que quando compra linha faz a contas toda como se pescar fosse algo matemático, se precisam de linhas de 40 libras estão a espera de apanhar algo com 18.5 ou mais, subtraem-lhe o peso da resistência da linha na cana bem como a resistência da mesma no lançamento subtraindo os metros somam a resistência da Linha em peso com o peso do peixe mais a tração que ele exerce sobre a linha. Ou seja se apanharem um peixe de 15 klg vão fazer uma força que convertida em peso se vai confirmar em 25 klg já com tudo incluído. Eu não me interessava nada por isso, nunca me interessei, fazia as médias por alto e lançava o peso, o que vier á rede seria peixe. E não é que veio mesmo, a cana vergava e agitava-se desenfreadamente, teria eu apanhado algo? Era o mais provável, puxei e senti alguma tração mas não foi oi muita calculei que tivesse apanhado algum peixe de cerca de 2 quilos. Puxei tudo até ver o peixe a chapinhar na água, e quando o agarrei, era uma solha, se frito até dava para uma refeição aconchegante. Tirei o anzol intermédio da sua boca e pus o peixe de lado que ainda lutava até se esvaírem as suas forças, toda a sua vida.