segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Feliz Natal


Yanka continuava a tocar melodias no seu violino sem parar. A miúda, de 12 anos que tocava como gente grande, já não estava apreensiva com a presença do jovem de casaco longo e negro, como estava anteriormente. Gabriel era para ela até uma boa companhia para conversar.
- E tu Gabriel não devias estar com alguém também.
- Não na verdade também não tenho ninguém. Limito-me a vaguear ai pelas ruas nestes dias.
- E o que fazes?
- Sou metrologista.
- E não era suposto estares a estudar o tempo algures.
- Já estudei!... Vai nevar dentro de alguns minutos.
- Sim e o Pai Natal vai passar ai e deixar-me uma prenda. É melhor mesmo que não neve, está frio e mesmo assim era milagre. Não neva em Lisboa á mais de 14 anos.
- Não acreditas em milagres? Perguntou Gabriel de mãos nos bolsos.
- E porque havia de acreditar já olhaste bem para mim. A minha vida não tem estrelas no céu nem calor de uma casa nem a alegria de uma família. Todas as noites rezo a alguém por algo que eu poça acreditar pois francamente a esperança já me começa a esvanecer. Este violino é a única coisa que tenho da minha mãe e aquele rádio do meu pai. Tenho o orfanato que me dá de comer e nada mais. Tudo era bonito e risonho e de um momento para o outro tudo mudou: do dia fez-se noite, da luz fez-se escuridão, a felicidade deu lugar á tristeza e a esperança deu lugar ao desespero. Humpf qual Feliz Natal!
-Gabriel notou que a miúda estava com frio. Identificou-lhe um certo tremer e um estranho desafinar nas notas devido ao frio.
- Está a ficar frio é mesmo provável que neve.
Ao ouvir aquela afirmação Yanka parou repentinamente de tocar.
- Ouça senhor! – Disse Yanka agressivamente – Eu não acredito em milagres, não acredito em anjos, não acredito em felicidade nem na amizade nem sequer no amor e definitivamente não acredito no Natal.
Foi então que subitamente começou a nevar, começou lentamente e foi caindo mais fortemente ao ponto de os ombros de Yanka estarem cobertos de neve, enquanto lágrimas começavam a formar-se nos seus olhos.
- Como sabias - Perguntou ela lacrimejante
- Já te disse, sou metrologista… E agora já acreditas em milagres?
- Eu queria acreditar… queria mesmo - disse ela a chorar.
- És só uma crinça Yanka! queres ser uma mulher forte mas é só uma criança.
Yanka então chorava como uma criança e ela que se fazia parecer tão adulta. Chorava como se cada lágrima fosse uma desilusão que ela tentasse expulsar do seu pensamento.
- Yanka está com frio! vem-te agasalhar! – Disse Gabriel de braços abertos
Yanka largou o violino e abraçou Gabriel tão fortemente quanto a sua vida dependesse disso. O nevão, esse, não parava de cair.
- O Nevão não parava de cair, poderia-se chamar milagre pois não era neve miúda que caia, era neve rígida e forte do tipo de floco capaz de congelar um lago apenas com o seu toque, Mas não há razão para preocupação, Yanka estava abraçada a Gabriel que acartava com a maior parte do nevão com os ombros
- Li histórias em que a menina morria. - Fungava Yanka - Não era agora que era suposto eu morrer e ir ter com a minha mãe. – Disse Yanka chorosa e soluçando - Como aquela que acendia os fósforos, e aquela em que ele ouvia os sinos e também aquela em que ele adormeceu por baixo do pinheiro e aquela em que…
- Chiuuuuu!... Yanka! Um dia vais tocar os corações de muitas pessoas com as tuas melodias. E sabes que mais. Ninguém tem que morrer hoje.
O casaco de Gabriel rasgou-se nas costas, e delas alongaram-se um par de asas que esticadas mediam 3 metros de envergadura. As asas de Gabriel fecharam-se a frente abraçando e abrigando Yanka da neve.
- E agora, já acreditas em milagres – perguntou Gabriel.
Mas Yanka já adormecera sem lhe dar qualquer resposta.
- Feliz Natal Yanka
- Feliz Natal.


Desejo-vos um grandioso e Feliz Natal e tenham acima de tudo felicidade e a familia toda junta.

O Poeta

Tambem vos desejo um optimo Natal e umas boas entradas para um novo ano. que todos os vossos desejos (ou a maior parte deles ) sejam concretizados.

God bless Us, Every One!

Merry Christmas

El PAtronito o Ardina

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

My Cousin Eddy